A deteção de impressões digitais é agora possível em apenas dez segundos

Os cientistas desenvolveram um aerossol solúvel em água e não tóxico que fluoresce à luz azul e que poderá tornar a descoberta de impressões digitais mais rápida e segura.

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Um novo corante fluorescente derivado da proteína da medusa pode ajudar a identificar impressões digitais numa cena de crime em apenas dez segundos. Foto de George Prentzas no Unsplash.

Uma proteína fluorescente encontrada nas medusas poderá ser a chave para tornar as investigações forenses mais seguras, mais fáceis e mais rápidas. Cientistas da Universidade de Bath e da Universidade Normal de Xangai desenvolveram um spray fluorescente biocompatível que deteta impressões digitais em apenas dez segundos.

As impressões digitais latentes (LFP) são impressões invisíveis formadas pelo suor ou óleo deixados num objeto depois de este ter sido tocado. A recolha de LFP em locais de crime é necessária para identificar as pessoas que lá estiveram, mas devido à sua natureza invisível, encontrá-las pode ser um grande desafio para as investigações forenses. Este spray fluorescente não tóxico e solúvel em água pode revelar impressões digitais numa questão de segundos.

Encontrar impressões digitais

Cada impressão digital é diferente e as técnicas tradicionais de deteção de impressões digitais deixadas em locais de crime envolvem a utilização de pós tóxicos, mas estes podem danificar as provas de ADN ou solventes petroquímicos prejudiciais para o ambiente.

Os investigadores desenvolveram dois corantes, denominados LFP-Yellow e LFP-Red, baseados na Proteína Verde Fluorescente (GFP), uma proteína fluorescente encontrada nas medusas. Uma vez que é amplamente utilizada pelos investigadores para visualizar processos biológicos, os corantes são biologicamente compatíveis.

Os corantes fluorescentes foram criados a partir de um núcleo de imidazolinona, o que significa que não contêm grupos de piridina ou iões metálicos, garantindo que os corantes não interferem com a análise do ADN das impressões digitais.

Os corantes ligam-se seletivamente às moléculas de carga negativa presentes nas impressões digitais e fixam as moléculas de corante no local antes de emitirem um brilho fluorescente que pode ser visto à luz azul. Além disso, o spray fino evita salpicos que poderiam danificar as impressões, é menos sujo do que o pó e funciona rapidamente, mesmo em superfícies rugosas como o tijolo, onde é mais difícil captar as impressões digitais.

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Comparação da pulverização em diferentes superfícies. Fonte: Universidade de Bath.

"Este sistema é mais seguro, mais sustentável e funciona mais rapidamente do que as tecnologias existentes, podendo mesmo ser utilizado em impressões digitais com uma semana", afirma o Professor Tony James, do Departamento de Química da Universidade de Bath. "Ter duas cores diferentes disponíveis significa que o spray pode ser utilizado em superfícies de cores diferentes. Esperamos produzir mais cores no futuro.

"As sondas são fracamente fluorescentes em solução aquosa, mas emitem uma forte fluorescência quando se ligam às impressões digitais através da interação entre as sondas e os ácidos gordos ou aminoácidos."

Dr. Luling Wu da Universidade de Bath.

"Esperamos que esta tecnologia possa realmente melhorar a deteção de provas no local do crime", afirma o Professor Chusen Huang da Universidade Normal de Xangai, na China, investigador principal do estudo do Journal of the American Chemical Society. "Estamos agora a colaborar com algumas empresas para disponibilizar os nossos corantes para venda. Estão ainda em curso mais trabalhos."