Desespero Climático
Sabia que as Alterações Climáticas afetam a saúde mental? Sempre que falamos em Alterações Climáticas, é preciso compreender todos os impactos diretos e indiretos que estas carregam. A depressão e a ansiedade profunda são alguns deles.
A crise climática é o maior desafio global que a humanidade enfrenta. Embora sejam muitos os aspetos que abarcam e os setores afetados, de ecológicos a económicos, não menos importante são os seus efeitos na saúde das pessoas.
Entre as ameaças à saúde, sobretudo nos países mais pobres, estão os efeitos dos eventos climáticos extremos, cada vez mais intensos e frequentes, a maior frequência e intensidade de fenómenos meteorológicos extremos, como furacões, ciclones, inundações e secas, o aumento de doenças tropicais (ex. malária e o dengue), o aumento da mortalidade associada à má qualidade do ar e o aumento de poluentes químicos.
No momento, um dos campos com maior interesse científico é o da influência dos efeitos das Alterações Climáticas sobre a saúde mental das populações afetadas, constituindo uma parte importante da carga de doenças a elas associadas, surgindo assim o termo Desespero Climático, apresentado por Eric Pooley (2010), no livro The Climate War: True Believers, Power Brokers, and the Fight to Save Earth.
Os danos causados pelas mudanças climáticas não são só físicos. Os eventos climáticos extremos trazem também sérios riscos para a saúde pública, inclusive a saúde mental e o bem-estar da população.
Os impactos das mudanças climáticas na saúde mental
Nesta primeira escala de impacto, é onde a saúde mental desempenha um papel importante. Além do aumento de lesões e traumatismos causados por eventos extremos, essas situações de stress muito intenso e ansiedade geram na população afetada, especialmente entre os mais vulneráveis por idade ou género, um gatilho importante de várias doenças mentais em diferentes faixas de gravidade.
Segundo Tony McMichael, professor de saúde pública da Universidade Nacional Australiana, uma parte significativa das comunidades são atingidas por episódios como estes, uma em cada cinco pessoas, vai sofrer os efeitos de stress, danos emocionais e desespero. Segundo o mesmo, o abuso de álcool pode ocorrer após eventos climáticos extremos e alguns estudos estabelecem inclusive um vínculo entre ondas de calor, secas e taxas de suicídio mais elevadas.
Portanto, as mudanças climáticas podem afetar diretamente a saúde mental através da exposição a traumas psicológicos e situações stressantes da vida, como as vivenciadas em desastres climáticos cada vez mais frequentes, com lesões, traumatismos, perda de vida de pessoas e propriedades, além de deslocamentos involuntários. Afetam a perceção de saúde e segurança das pessoas, constituindo fator de risco para estados de ansiedade, stress pós-traumático, depressão e suicídio.
Embora haja vários estudos sobre os efeitos das Alterações Climáticas, existe uma lacuna sobre as consequências das mesmas para o bem-estar e a saúde humana.
Este é um ponto sério, limita a nossa visão de possíveis futuros e da necessidade de uma ação eficaz e urgente, através de políticas que abordem os impactos das Alterações Climáticas na saúde pública, ajudando-nos assim a compreender a face humana das Alterações Climáticas, mesmo que haja uma preocupação e consciencialização crescentes dos riscos relacionados a clima extremo.