Dengue e malária propagam-se pela Europa devido à crise climática
De acordo com um estudo, prevê-se que doenças transmitidas pelos mosquitos, como a dengue e a malária possam chegar a zonas não afetadas do Norte da Europa, América, Ásia e Austrália. Saiba mais aqui!
De acordo com um artigo publicado no jornal The Guardian, as doenças transmitidas por mosquitos estão a propagar-se por todo o mundo e, em especial, na Europa devido, segundo os especialistas, à crise climática.
O aquecimento global proporcionou a estes insetos as condições ideais (como a temperatura mais quente e o aumento da humidade relativa) para a sua propagação, que aumentou nos últimos 80 anos.
Rachel Lowe, líder do grupo de resiliência da saúde global no Centro de Supercomputação de Barcelona, em Espanha, alertou para o facto de, nas próximas décadas, os surtos de doenças transmitidas por mosquitos se poderem propagar a zonas atualmente não afetadas do norte da Europa, da Ásia, da América do Norte e da Austrália.
Rachel Lowe - líder do grupo de resiliência da saúde global no Centro de Supercomputação de Barcelona.
A investigadora avisa que o mundo deve estar preparado para um aumento acentuado de doenças como o dengue e a malária.
O mosquito tigre asiático
Aedes albopictus, o transmissor da febre da dengue encontrava-se principalmente, nas regiões tropicais e subtropicais, uma vez que as temperaturas negativas durante a noite matam as larvas e os ovos do inseto.
No entanto, as estações quentes mais longas e as geadas menos frequentes fizeram com que a dengue se tornasse a doença viral transmitida por mosquitos que se espalha mais rapidamente no mundo e que está a ganhar terreno na Europa.
Já se estabeleceu em 13 países europeus desde de 2023 como Itália, França, Espanha, Malta, Mónaco, São Marino, Gibraltar, Liechtenstein, Suíça, Alemanha, Áustria, Grécia e Portugal.
Porém, este inseto está a prosperar, o número de casos de dengue notificados à Organização Mundial da Saúde aumentou oito vezes nas últimas duas décadas, de 500.000 em 2000 para mais de 5 milhões em 2019.
O colapso climático irá favorecer a propagação do vírus
De acordo com os investigadores o colapso climático irá aumentar esta propagação, uma vez que as secas e as inundações associadas às alterações climáticas podem conduzir a uma maior transmissão do vírus, uma vez que a água armazenada proporciona mais locais de reprodução dos mosquitos.
Rachel Lowe
Lowe afirma ainda que uma vez que as alterações climáticas parecem tão difíceis de combater, é de esperar um aumento do número de casos e, possivelmente, de mortes por doenças como a dengue e a malária em toda a Europa continental. É por isso emergente a antecipação dos surtos e intervir precocemente para evitar que as doenças surjam em primeiro lugar.
Os esforços devem centrar-se no reforço da vigilância através de sistemas de alerta precoce e de resposta semelhantes aos existentes noutras partes do mundo, para que os recursos finitos sejam mais eficazmente canalizados para as zonas de maior risco, com o objetivo de controlar e prevenir surtos de doenças e salvar vidas.
Segundo Sabiha Essack, diretora da unidade de resistência antimicrobiana da Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul, a degradação do clima está também a aumentar a ameaça da resistência antimicrobiana, uma vez que as alterações climáticas comprometem a integridade ecológica e ambiental dos sistemas vivos e permitem que os agentes patogénicos causem cada vez mais doenças.