Corrente oceânica profunda cria risco de tsunami nas Ilhas Malvinas

As Ilhas Malvinas estão sob risco de tsunamis causados por deslizamentos de terra submarinos, de acordo com uma nova investigação. Contamos-lhe aqui mais detalhes!

Tsunami
Os danos causados por um tsunami vão depender do tamanho da onda, da velocidade e também, da altitude do terreno afetado.

Cientistas da Universidade Heriot-Watt e da British Geological Survey encontraram evidências de deslizamentos de terra submarinos pré-históricos na calha (trough) das Malvinas. Estes deslizamentos estão todos no mesmo local e os cientistas afirmam que a Frente Subantártica, parte de uma das correntes mais fortes da Terra poderá ser a causa destes, já que pode originar correntes de até 50 milhões de metros cúbicos de água por segundo, empurrando sedimentos para a parte superior do talude continental, a 400-1000 metros debaixo de água.

Os sedimentos estão a acumular-se novamente no local, chamado Burdwood Drift pelos investigadores, onde o fundo do mar é tão íngreme que desmorona facilmente – apesar de não ser possível determinar quando.

Cenários possíveis

Os deslizamentos de terra podem provocar tsunamis, como o que aconteceu na Papua Nova Guiné em 1998. O deslizamento pré-histórico de Storegga inundou a Escócia há cerca de 8000 anos e em 2018 aconteceu o mesmo em Sulawesi, na Indonésia. O geólogo sedimentar Dr. Uisdean Nicholson, da Universidade Heriot-Watt, afirma que: "Os grandes deslizamentos de terra deslocaram cerca de 100 km3 de sedimentos - o suficiente para enterrar uma cidade do tamanho de Edimburgo".

Depois da equipa localizar os deslizamentos de terra submarinos, usaram modelos numéricos para testar se estes poderiam gerar tsunamis perigosos e para calcular se futuros deslizamentos de terra representariam um risco para as Ilhas Malvinas. Dr. Nicholson frisou: "Os modelos mostram que, para um evento de 100 km3 de deslizamento de terra, a onda resultante teria até 40 m de altura e chegaria às Malvinas cerca de uma hora após o evento. (…) Embora a maior onda afete a costa sul, escassamente povoada, poderíamos esperar que uma onda de 10 m atingisse a cidade de Stanley, que é baixa e o principal centro populacional, após 70 minutos.”

São diversos os tipos de cenários. Há a possibilidade de existirem “…eventos menores e mais frequentes de 10 km3, com alturas de onda de vários metros que poderão afetar Stanley.” Assim como também há “…evidências de deslizamentos de terra gigantescos com cerca de 1000 km3,que poderiam dar origem a ondas de tsunami que iriam afetar uma região muito mais ampla do Atlântico Sul, embora seja muito improvável que ocorra num futuro próximo.”

"Não temos evidências de tsunamis históricos que atingiram as Malvinas, mas é difícil encontrar provas. Sempre que há uma era glaciar, quando o nível do mar desce 100 metros, perdem-se muitas evidências”, diz o geólogo.