Conduta de oxigénio do polo sul lunar: será possível?
A sustentabilidade do programa Artemis e o seu objetivo de desenvolver uma presença humana permanente na Lua depende da capacidade de utilizar recursos in-situ para reduzir o custo e o risco das operações lunares.
O programa Artemis pretende levar o Homem à Lua, pela primeira vez, desde as missões Apollo da NASA. Contudo, este programa tem um alcance maior do que apenas levar as pessoas lá, realizar algumas experiências científicas, recolher rochas da Lua e depois partir. A intenção é estabelecer uma presença consistente, mas para isso é necessário oxigénio.
Desde 2021 que o Dr. Peter Curreri, um cientista da NASA e um forte defensor dos voos espaciais tripulados, é o Diretor Científico da Lunar Resources, Inc. Esta empresa propõe um novo conceito para a Artemis: uma conduta de oxigénio.
Oxigénio na Lua
Uma presença humana contínua em Marte requer algumas coisas para ter sucesso, e a base do sucesso é construída sobre a água e o oxigénio. O pólo sul lunar contém grandes quantidades de gelo de água primordial, sólido congelado nas crateras da região, onde a luz solar nunca chega. Esse gelo pode ser derretido e separado em hidrogénio e oxigénio.
Todos os envolvidos na ciência lunar sabem disto, e a ideia estabelecida é que o gelo seria processado in situ, e o oxigénio seria colocado em recipientes de pressão criogénica chamados dewars e transportado para onde fosse necessário. Uma vez que as regiões equatoriais têm mais luz e energia solar, é provável que seja aí que as bases lunares serão estabelecidas.
Contudo, em vez de engarrafar oxigénio e transportá-lo, o que poderia complicar-se, a Lunar Resources tem outra ideia. Construir uma conduta de oxigénio a partir dos depósitos de gelo no pólo sul, ou de onde se extrai o oxigénio do rególito, para instalações noutros locais na Lua. Esta ideia chamou a atenção da NASA, e a Conduta Lunar de Oxigénio do Pólo Sul (LSPOP) já é um projeto de Fase Um no NIAC (Innovative Advanced Concept), da NASA.
As vantagens de uma conduta de oxigénio na Lua
O transporte de grandes quantidades de oxigénio do polo sul da Lua para o equador poderia ser incómodo e exigiria veículos, tanques e instalações próprias. Uma conduta eliminaria do processo, veículos e outros recursos, incluindo horas de trabalho humano.
As condutas na Terra são um problema, mas na Lua não. Para uma tubagem lunar de oxigénio, as fugas não importam, pois estas não poluem nem causam qualquer dano. O único perigo potencial são os impactos por materiais espaciais.
O LSPOP seria fabricado em segmentos na superfície da Lua e depois unido num comprimento de 5 km. A conduta seria provavelmente feita de alumínio, que é abundante na superfície da Lua, especialmente no polo sul. "Outros metais in situ, que também serão analisados para consideração, incluem o ferro e o magnésio", afirmou Curreri.
A NASA estima que o programa Artemis precisará, inicialmente, de 10 mil kg de oxigénio por ano, e o LSPOP pode chegar a fornecer isso com uma taxa de fluxo de cerca de 2 kg/hora. Acredita-se que este necessitaria de um mínimo de energia durante a sua vida, seria muito fiável e a sua vida útil no ambiente lunar excederia os 10 anos.
Após a Fase Um deste projeto terminar, a Lunar Resources pode candidatar-se ao financiamento da Fase Dois, que desenvolve conceitos por um período máximo de dois anos.