Como o vento influencia o planeta Terra

A atmosfera constitui um sistema extremamente complexo onde, sob a batuta de um delicado pretenso equilíbrio, ocorrem simultaneamente vários processos físicos e químicos, elementares à existência de vida no planeta. Como o vento influencia o planeta Terra? Saiba mais aqui!

Catavento
O vento surge devido ao gradiente de pressão e temperatura, sendo que quanto maior for o gradiente maior será a velocidade do vento.

Da relação trigonométrica entre sol, meio e clima, ocorrem fenómenos atmosféricos, incontornáveis e determinantes à adaptação do Homem ao planeta. E, o poder modelador do vento representa indubitavelmente uma força incombatível, porém, eventualmente contornável.

O vento, definido como o ar em movimento constante, pode deslocar-se tanto no sentido horizontal como no vertical. O movimento do vento no sentido horizontal, constitui as correntes advectivas , os ventos que se observam, dos níveis mais baixos aos mais altos da atmosfera. Já os movimentos verticais do ar constituem as correntes convectivas , ocorrem quando o ar se desloca de baixo para cima, as correntes ditas ascendentes, ou, quando o movimento se dá de cima para baixo denominando-se descendente.

Refira-se ainda, os fortíssimos ventos dos níveis mais altos, as correntes de jato , que sopram a mais de 80 nós, sendo comuns ventos superiores a 200 nós. Existem onde as isotérmicas estão mais próximas, seja ao longo da frente polar, ou nas frentes (quente ou fria) de uma depressão, a altitudes entre os 5000 e os 10.000 metros. Observam-se quando uma faixa de nuvens altas constituída por Altocumulus e Cirrocumulus se movem rapidamente ao longo da linha da faixa, evidenciando a presença da corrente de jacto.

Ora, o deslocamento contínuo do ar na atmosfera (o vento), pode ter a distribuição da sua velocidade e direção demonstrada pela oscilação de um catavento. Mas a sua velocidade, medida em nós ou metros por segundo, é estimada na Escala Beaufort em alusão ao Almirante Beaufort da Marinha Inglesa (1804) que o classifica num rácio de 0, a chamada calmaria, a aragem (1), a brisa (2), ou temporal (8) e a classificação última de 12, em cenário de extremo meteorológico - furacão.

Como o vento molda o planeta?

De facto, o poder transformador do vento pode ser assombrosamente tanto benéfico quanto ímpio. Os ventos podem ser destrutivos dependendo da velocidade que atingem, podendo personificar devastação. Os ventos transportam energia de um ponto para outro na atmosfera, e com isso provocam chuvas ou secas . O vento contribui assim para a manutenção do equilíbrio de temperatura, sendo essencial na polinização das plantas, e ainda um agente modelador do solo e do relevo.

Aludam-se assim os ventos contra-alísios , resultantes da convergência e das mudanças de temperatura e pressão dos ventos alísios, estes são quentes e secos e sopram do Equador para os trópicos. E, não por acaso, é na porção do planeta que recebe os ventos contra-alísios que se situam alguns dos maiores desertos da Terra, como o Sahara em África e o Gobi no Médio Oriente.

Destaque-se o deserto de Gobi, que em mongol significa “local sem água”, o quarto maior deserto do planeta, ocupa uma extensão de cerca de 1.600 km² num planalto com altitude média de 1.200 metros, entre o sul da Mongólia e o norte e noroeste da China, ladeado pela cordilheira dos Himalaias que impede a passagem das chuvas transportadas pelas monções provenientes do oceano Índico. A particularidade climática da região de Gobi propicia ao desenvolvimento de fortes massas de ar que, à boleia da circulação atmosférica afetam drasticamente a região da China, uma vez que a elevada concentração de partículas sedimentares que os fortes ventos transportam, afetam quer a qualidade do ar, quer a produtividade dos solos .

Ora, no sentido de mitigar o efeito das tempestades de areia provenientes do Gobi, a China tem vindo a construir o que é já considerado a Grande Muralha Verde, plantando paralelamente ao deserto, grandes extensões de bambu, uma espécie arbórea altamente resistente, que ajudará a manter os solos aráveis ao impedir a passagem da areia transportada de Gobi pelo vento.

O vento como aliado

Na busca pela conquista de novos domínios, Fenícios, Gregos, Romanos, Vikings e mais tarde os portugueses, utilizaram o movimento do ar para fazer mover moinhos, noras e barcos, mas numa cronologia temporal mais recente, transporta-se a potencialidade que a intensidade dos ventos representa, face à possibilidade de transformação do movimento do ar em energia limpa, para usufruto humano: gerar eletricidade!

Refira-se que a energia eólica é uma das formas assumidas pela energia solar, considerando que o vento representa o movimento do ar em decorrência de um aquecimento irregular da atmosfera pelo Sol. Ora, a atmosfera terrestre é aquecida de forma desigual devido ao facto da radiação solar incidente sobre a superfície terrestre não se distribuir equitativamente, assim como, devido ao movimento de rotação do próprio planeta. Dependente do gradiente barométrico, da diferença de pressão atmosférica do ar, a velocidade do vento resulta na formação de energia através de turbinas eólicas .

Como recurso renovável e inesgotável, o potencial aproveitamento da potencialidade do movimento das massas de ar na atmosfera, personifica uma audaz medida mitigadora dos impactes antropogénicos no planeta: não emite gases poluentes nem gera resíduos . Concisamente, os ventos são apenas ar em movimento, surgindo como medida de resposta para realizar os ajustes atmosféricos essenciais ao equilíbrio climático do planeta . Assim se esperam contínuos e perpétuos, porém com alguma moderação!