Cientistas estudam a possibilidade de um furacão de categoria 6

A Universidade da Flórida está a tentar simular as consequências de um furacão de categoria 6 para se preparar para uma eventualidade cada vez mais provável, de acordo com eles.

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O vento, a água e a forte ondulação a atingir Miami quando o furacão Irma tocava terra nos Estados Unidos a 10 de setembro de 2017. Universidade da Flórida

O aquecimento dos oceanos contribui para furacões mais poderosos, tais como na última temporada de furacões marcada por fenómenos violentos e um ano recorde, o de 2020. Pelo sétimo ano consecutivo, a temporada de furacões que agora se iniciou (1 de junho a 30 de novembro) promete ser mais intensa do que a média.

Furacões num mundo em aquecimento

Os últimos anos têm sido marcados por uma intensificação muito rápida dos furacões em contacto com as águas quentes que atravessam. Uma tendência que não vai parar com o aumento constante das temperaturas globais ligadas às emissões de gases com efeito de estufa das atividades humanas.

Se a tendência não puder ser invertida, as cidades costeiras devem preparar-se imperativamente para enfrentar novos danos. Este é o objetivo da experiência da Universidade da Flórida: simular os danos causados pelo vento e pelas inundações geradas por um grande furacão, ainda mais fortes do que aqueles que os Estados Unidos já experienciaram, para melhor preparar as cidades para um possível desastre.

Ventos a 300 km/h num hangar experimental

Para tentar compreender os efeitos de um furacão de categoria 6, os cientistas imaginaram um cenário real de um filme de catástrofes num hangar especialmente concebido para a experiência: ventos de 300 km/h a soprar sobre uma casa, seguidos por uma onda de seis metros que submergia a estrutura, derrubando a casa das suas fundações, arrastada pela água.

A Fundação Nacional da Ciência atribuiu $ 12,8 milhões (dólares) aos cientistas para a construção deste hangar experimental. Este deve ser concebido para poder simular ventos de pelo menos 290 km/h e ondas de vários metros. Mais especificamente, os resultados da experiência devem permitir trabalhar em materiais de construção mais resistentes para edifícios e estradas, e numa nova disposição da rede elétrica e da rede de distribuição de água. Até à data, tal projcto não foi levado a cabo.

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Para levar a cabo este projeto, a Universidade da Flórida está a reunir uma equipa de engenheiros, peritos em catástrofes naturais, especialistas em modelos de previsão e meteorologistas.

A Universidade da Florida já criou uma parede de vento (WoW), um simulador de furacões num hangar com 12 ventoinhas gigantes capazes de produzir ventos de até 252 km/h, equivalentes a um furacão de categoria 5. Em frente, árvores e casas de madeira para testar a sua resistência ao vento. O novo hangar experimental deverá elevar a fasquia, mas tal projeto exigirá pelo menos quatro anos de trabalho e, por conseguinte, não estará pronto antes de 2026.

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A parede de vento já construída na Flórida, que permite gerar rajadas superiores a 250 km/h. © NSF-NHERI MURO DE VIENTO, UIF

Furacões de categoria 6

Os furacões de categoria 6 já aconteceram antes, dizem alguns cientistas. A ideia de preparação para ventos superiores a 300 km/h pode parecer extrema, mas na realidade é bastante realista segundo a Universidade da Flórida: nos últimos anos, os furacões Dorian (2019), Irma (2017) no Atlântico e o super tufão Haiyan (2013) no Pacífico geraram ventos superiores a 290 km/h.

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O furacão Irma em 2017 gerou ventos, em média, de 287 km/h e rajadas de 360 km/h. Fonte: NASA

Este tipo de ciclone já é considerado por alguns cientistas como um fenómeno da categoria 6 na escala Saffir-Simpson, que tem cinco categorias, embora oficialmente não exista a categoria 6: a categoria 5 não tem limite, já que designa fenómenos com ventos superiores a 251 km/h com ondas superiores a 5,5 metros. Mas, como assinala a Universidade da Flórida: "a escala de classificação já poderia incluir uma 6ª categoria".

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