Cientistas desenvolvem modelo de IA que revoluciona a previsão do cancro da mama através de mamografias
Cientistas desenvolvem modelo de IA que revoluciona a previsão do cancro da mama através de mamografias.
Os investigadores criaram um novo modelo de inteligência artificial (IA) que consegue prever o risco de cancro da mama em cinco anos a partir de mamografias.
Publicada na revista Radiology pela Radiological Society of North America (RSNA), a investigação assinala um passo crucial na deteção do cancro da mama - uma doença que afeta 1 em cada 8 mulheres nos EUA durante a sua vida.
A mamografia continua a ser o método mais eficaz de deteção precoce do cancro da mama, reduzindo significativamente as taxas de mortalidade. No entanto, prever com exatidão quais as mulheres em maior risco tem sido um desafio.
A introdução do Mirai, um algoritmo baseado na aprendizagem profunda, marcou um passo em frente nas capacidades de previsão, mas a sua natureza de "caixa negra" deixou muitos na ignorância sobre o seu processo de tomada de decisões.
"O Mirai é uma caixa negra - uma rede neural muito grande e complexa, semelhante em construção ao ChatGPT - e ninguém sabia como tomava as suas decisões", explicou o cientista Jon Donnelly, principal autor do estudo.
Para resolver este problema, Donnelly e a sua equipa de investigadores desenvolveram o AsymMirai, um método de IA que simplifica o processo e o torna mais fácil de compreender. O AsymMirai utiliza a dissimilaridade bilateral local, analisando as diferenças de tecido entre as mamas esquerda e direita - uma nova abordagem para prever o cancro da mama.
"Anteriormente, as diferenças entre o tecido mamário esquerdo e direito eram utilizadas apenas para ajudar a detetar o cancro e não para o prever antecipadamente", acrescentou Donnelly.
Poderá ser possível uma prevenção mais personalizada do cancro
Os investigadores compararam mais de 210.000 mamografias utilizando os modelos Mirai e AsymMirai, descobrindo que o AsymMirai simplificado era quase tão eficaz como o seu antecessor na previsão do risco de cancro da mama com até cinco anos de antecedência.
Isto não só sublinha a importância clínica da assimetria mamária, como também posiciona a dissemelhança bilateral como um potencial marcador de imagem para avaliar o risco de cancro da mama.
Dada a natureza interpretável do AsymMirai, os investigadores acreditam que é uma promessa significativa como ferramenta de apoio para os radiologistas no diagnóstico e previsão do risco de cancro da mama.
"Podemos, com uma precisão surpreendentemente elevada, prever se uma mulher irá desenvolver cancro nos próximos um a cinco anos com base apenas nas diferenças localizadas entre o tecido mamário esquerdo e direito", afirmou Donnelly.
Espera-se que esta descoberta possa influenciar a frequência do rastreio mamográfico, oferecendo uma abordagem mais personalizada à prevenção do cancro da mama.