Ciclone, Furacão e Tufão: há diferença?
Ciclones, tufões ou furacões são fenómenos meteorológicos severos que ocorrem em função de determinadas condições atmosféricas e oceânicas. Neste artigo exploramos as suas características e diferenças. Mas será que existe mesmo algo que os distingue entre si? Descubra aqui!
Em primeiro lugar convém desde logo referir que Ciclone, Furacão ou Tufão são todos o mesmo fenómeno meteorológico, associados a um estado do tempo severo.
Os fatores que levam à formação deste fenómeno meteorológico severo
Têm origem em regiões onde a temperatura da superfície da água (massa oceânica) ultrapassa, normalmente, os 27 ºC. O ar aquecido pela água quente do mar age como um motor para conceber um poderoso sistema que passou a ser conhecido como cumulonimbus.
Assim que as correntes de vento ascendente ganham força, as cumulonimbus engolem paulatinamente, através do processo de absorção, ar quente e húmido. Ao estarem carregadas de humidade, agregam-se aos poucos, fazendo nascer um sistema de baixa pressão atmosférica, com grandes redemoinhos que começam a rodopiar mais rápido sobre o oceano. As camadas atmosféricas costumam estar relativamente húmidas perto da média troposfera (5 km). Este trata-se do estágio inicial da formação de um furacão.
Segundo a escala Saffir-Simpson, escala que classifica os furacões em 5 categorias (119 até > 250 km/h), distinguidos pelas intensidades dos seus ventos sustentados, o sistema ciclónico é identificado como depressão tropical, altura em que os ventos alcançam velocidades de cerca de 50 km/h. À medida que se vai intensificando, se houver condições no meio ideais para tal (águas quentes oceânicas, entre outras), irá continuar a fortalecer-se, transformando-se numa tempestade tropical.
Convém referir que para tudo isto, é necessária uma perturbação pré-existente, que próxima da superfície, apresente vorticidade e convergência suficientemente fortes. Ciclones tropicais não conseguem desenvolver-se de maneira espontânea, uma vez que precisam de que o sistema manifeste uma ligeira organização, com uma rotação considerável e influxo nos níveis baixos.
Se os ventos persistentes atingirem uma velocidade a rondar os 119 km/h, então aí surge a categoria 1 de Furacão. No entanto, saliente-se que quando o furacão faz “landfall”, perde intensidade. Ao avançar em direção às áreas continentais, perde gradualmente a intensidade devido ao atrito e os ventos enfraquecem. Aí, torna-se uma questão de tempo até o sistema ciclónico voltar a transformar-se em depressão tropical, acabando mais tarde por desaparecer.
Por fim, não esquecer o cisalhamento vertical do vento (wind vertical shear, em inglês). Surge quando os seus valores são reduzidos entre a superfície e a alta troposfera. Quando são elevados, desfavorecem ciclones tropicais e podem até mesmo impedir a sua génese. Caso o ciclone já esteja formado, pode enfraquecê-lo ou até mesmo dissipá-lo uma vez que interfere ativamente na organização da atividade convectiva em redor do centro do ciclone.
Força de Coriolis e os distintos nomes atribuídos ao mesmo fenómeno em diferentes áreas do planeta
A circulação dos ventos resulta do movimento de rotação da Terra e da variação da velocidade escalar segundo as diferentes latitudes (maior na linha do Equador e menor nos polos), o que origina o efeito de Coriolis. Este efeito nos ventos provoca a circulação em sentido anti-horário no Hemisfério Sul e horário no Hemisfério Norte. É requerida uma distância mínima de, pelo menos, 500 km da linha do Equador. Para ocorrer a depressão tropical, o efeito de Coriolis tem de existir para que o centro de baixa desta perturbação atmosférica seja mantido.
Como se deslocam de maneira horizontal e em direções opostas, em cada hemisfério, quando estes fenómenos meteorológicos nascem no Atlântico Norte (costas Caribenha, Mexicana e América do Norte) são designados por Furacão; nas regiões do Pacifico Ocidental (Ásia) é-lhes atribuído o nome de Tufão; e, por fim, nas regiões do Índico (Austrália e África Oriental) é conhecido por Ciclone.
No “olho do furacão”
Atente-se ao facto de que no centro da mais assombrosa tempestade natural, dá-se o famoso “olho do furacão”: lá ocorre uma das contradições climáticas mais inquietantes. O interior é calmo e tranquilo, mas a rodeá-lo por todo o lado, está uma tempestade violenta. Abaixo, no vídeo, podemos observar o momento em que um drone, impressionantemente, foi capaz de filmar o interior de um furacão.
É impressionante como dentro deste fenómeno único da natureza existe uma diferença tão marcante entre um ponto e aquilo que acontece à sua volta, tal como trovoadas que atingem os 15.000 metros de altitude. Bem no centro, toda a violência desaparece, permanecendo aí um ponto limpo e tranquilo.
Mas cautela! Se estiver no olho de um furacão, não se deixe enganar pela desconcertante e repentina calmaria, pois ainda só metade do evento terá decorrido. Fique alerta: irão, de seguida, aparecer fortíssimos ventos procedentes da direção oposta!
Curiosidades: as alegadas origens da palavra “Furacão” e “Tufão”
A força dos ciclones tropicais e o seu efeito de destruição fez nascer a palavra furacão, “hurricane” em inglês. "Hurricane" procede da palavra "hurican", o Deus do Mal para o povo Índio das Caraíbas. Por sua vez, vem do Deus Maia Hurikan, um dos Deuses da Criação. Basicamente, a palavra "furacão" significa "vento mau".
De acordo com o Oxford English Dictionary, que alude ao Urdu (língua indo-europeia da família indo-ariana que se formou sob influência persa, turca e árabe no sul da Ásia) as palavras “ṭūfān” e “tai fung” (China) deram origem a várias formas antigas em inglês, com algumas das primeiras citações a aparecer em 1588. Também há quem defenda que tem origem no Grego “Typhon” (“turbilhão”), nome dado ao gigante que era o pai dos ventos na Mitologia Grega.