Carbono azul para o combate às Alterações Climáticas
A expressão "Carbono Azul" surgiu pela importante contribuição das plantas marinhas para mitigar o aquecimento global. O carbono capturado pelos ecossistemas costeiros sequestram e armazenam carbono da atmosfera tornando-se, assim, numa peça essencial da solução para as mudanças climáticas.
Há cerca de sete anos atrás, o conceito carbono azul, relativo à forma como os ecossistemas marinhos armazenam carbono, estava ainda muito pouco desenvolvido. Algumas investigações analisaram de que forma é que as florestas de mangue absorvem carbono, mas pouco se sabia sobre a eficácia das ervas marinhas e dos pântanos salgados na absorção das emissões de gases com efeito de estufa.
No entanto, tudo mudou. O carbono azul está na vanguarda da luta contra a crise climática e conforme os líderes mundiais se reúnem na COP26, surgiram evidências de que o pântano de Steart, Somerset, no Reino Unido poderia ser um sumidouro de carbono mais poderoso do que qualquer um imaginava.
Segundo o Wildfowl & Wetlands Trust (WWT), um dos grupos de investigação por detrás deste pântano salgado, o objetivo deste pântano é proteger a costa da erosão e criar um novo habitat valioso para a avifauna.
Cientistas da Manchester Metropolitan University descobriram que os pântanos de Steart absorvem 19 toneladas de carbono orgânico por hectare a cada ano, ou 18.000 toneladas em quatro anos, o equivalente a eliminar as emissões de gases com efeito de estufa de 32.900 carros.
O trabalho destes cientistas faz parte de um crescente corpo de investigações que sugere que o carbono azul é uma ordem de magnitude mais eficiente do que o seu equivalente terrestre. Seriam precisos 100 anos para uma floresta sequestrar e armazenar tanto carbono quanto Steart pode armazenar em seis anos.
Enquanto os líderes mundiais da COP26 se comprometeram anteriormente a acabar com a desflorestação até 2030, ativistas e conservacionistas marinhos dizem que os poderosos sumidouros de carbono no oceano estão a ser negligenciados. Apenas 43 dos 113 países que enviaram inventários de gases com efeito de estufa, ou contribuições nacionalmente determinadas, incluíram ecossistemas de carbono azul como parte das medidas de mitigação.
A importância de preservar ecossistemas costeiros
Por enquanto, o carbono azul continua um pouco atípico quando se trata de créditos de carbono. Dos três grandes pântanos costeiros, os manguezais são os mais bem estudados, seguidos pelos pântanos salgados e pelas ervas marinhas.
O Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais, do Reino Unido, reconhece o importante papel que os habitats de carbono azul podem desempenhar no sequestro de carbono, bem como na prevenção da perda de biodiversidade e na construção de resiliência às crises climáticas.
O oceano desempenha um papel vital na mitigação do clima, e continuamos a construir a base de evidências em habitats de carbono azul enquanto nos esforçamos para atingir o zero líquido. Investigações recentes estimam que conservar e restaurar ecossistemas de carbono azul pode remover o equivalente a 3% das emissões globais anuais com efeito de estufa.
Segundo Carlos Duarte, professor de ciências marinhas na King Abdullah University of Science and Technology, na Arábia Saudita, a contribuição do carbono azul para mitigar as emissões pode chegar a 10%/15%, se todas as estratégias de carbono azul forem ativadas. Isto inclui possibilidades ainda inexploradas, como mais cultivo de algas, evitando sedimentos perturbadores nas plataformas continentais, com a restauração de florestas de algas e através da proteção de baleias.