Característica antiga dos primatas pode fazer sentido na forma evolutiva dos humanos
Segundo um estudo da Universidade de Londres, a masturbação é uma característica antiga dos primatas que ajuda no aumento do sucesso reprodutivo e previne a contração de infeções sexualmente transmissíveis. Descubra mais sobre este comportamento aqui!
De acordo com um artigo, publicado na revista The Royal Society, o comportamento autossexual, ou masturbação, é comum em todo o reino animal, mas parece ter uma vantagem nos primatas.
Historicamente, este comportamento era considerado patológico ou um subproduto da excitação sexual, e as observações registadas eram demasiado fragmentadas para compreender a sua distribuição, história evolutiva ou significado adaptativo.
Porém, esta nova investigação produzida pelo Departamento de Antropologia da Universidade de Londres descobriu que esta ação faz parte de um repertório de comportamentos sexuais saudáveis, aumenta o sucesso reprodutivo e ajuda ainda a prevenir infeções sexualmente transmissíveis.
História evolutiva
A masturbação tem uma longa história evolutiva entre os primatas e encontrava-se provavelmente presente no antepassado comum de todos os macacos e símios, incluindo os humanos, apesar de colocar um problema.
Este comportamento não aumenta diretamente as perspetivas de sobrevivência e, por definição, ocorre com a exclusão de parceiros reprodutivos.
Consequentemente, a masturbação tem sido historicamente considerada, na pior das hipóteses, um comportamento patológico levado a cabo por indivíduos aberrantes, tipicamente em cativeiro, e, na melhor das hipóteses, uma saída sexual necessária devido a uma libido elevada.
Assim, para compreender por que razão a evolução produziria esta característica, os investigadores testaram várias hipóteses.
Primeira hipótese
A "hipótese da seleção pós-copulatória" prevê que a masturbação ajuda as hipóteses de fertilização. Isto pode ser conseguido de várias formas.
Primeiro, a masturbação (sem ejaculação) pode aumentar a excitação antes do sexo. Esta pode ser uma tática particularmente útil para machos de baixo nível hierárquico que são suscetíveis de serem interrompidos durante a cópula, ajudando-os a ejacular mais rapidamente.
Em segundo lugar, a masturbação (com ejaculação) permite que os machos expulsem o sémen de menor qualidade, deixando disponível para o acasalamento esperma fresco e de alta qualidade, que tem mais probabilidades de superar o de outros machos.
Segunda hipótese
A "hipótese de prevenção de agentes patogénicos" prevê que a masturbação é uma forma de higiene genital pós-copulatória, ajudando a prevenir doenças sexualmente transmissíveis (DST).
As estratégias comportamentais são frequentemente a primeira linha de defesa contra a infeção, seguidas de respostas fisiológicas e imunitárias.
E em relação à masturbação feminina?
A excitação feminina aumenta o pH vaginal, criando um ambiente mais hospitaleiro para o esperma.
Da mesma forma, as contrações associadas ao orgasmo feminino podem melhorar a passagem do esperma através da cavidade uterina, e as secreções associadas de prolatina capacitam o esperma.
Embora ainda se saiba pouco sobre a duração de armazenamento e sobrevivência do esperma dentro do trato reprodutivo feminino em primatas não-humanos, em humanos, o esperma pode ser viável por mais de 5 dias.
Parece provável, portanto, que as fêmeas primatas possam usar a masturbação pré ou pós-copulatória como uma estratégia para aumentar as suas hipóteses de serem fertilizadas por um determinado macho.
Alternativamente, a masturbação poderia também servir como uma forma de exibição pré-copulatória ou comportamento de cortejo em ambos os sexos, semelhante às 'exibições penianas' pré-copulatórias nos chimpanzés.