Begónia recém-descoberta já está em vias de extinção

Existem mais de 2500 espécies de begónias distribuídas um pouco por todo o mundo, mas a descoberta de uma nova subespécie, com características ligeiramente diferentes, está a intrigar a comunidade científica. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Begónias.
Jardim embelezado por begónias vermelhas e brancas que, por sinal, são bastante diferentes da nova espécie encontrada em ambiente selvagem.

As begónias são plantas que geralmente apresentam uma configuração similar a um arbusto, sendo maioritariamente utilizadas para embelezar espaços ajardinados. Foi, entretanto, descoberta uma nova subespécie de begónia, com dimensões completamente diferentes das restante "irmãs" e que, infelizmente, já está classificada como espécie em vias de extinção.

Há cerca de 2 anos e meio, um grupo de cientistas chineses visitou o território do Tibete com o objetivo de contabilizar e catalogar as espécies de begónias que podem ser encontradas em ambiente selvagem. Após alguns dias de investigação e de recolha de dados sobre muitas das espécies já conhecidas, surgiu um exemplar com uma configuração diferente, em plena floração.

O facto da Begonia gigantica estar distribuída por uma área de território bastante vulnerável à ação antrópica (...) foi suficiente para atribuir a esta espécie uma classificação de “Em Perigo”

Depois de comparar os dados deste exemplar de grandes dimensões com todos os dados recolhidos até então, os cientistas aperceberam-se que se tratava de uma espécie nova de begónia. Estes cientistas encontraram uma pequena população desta espécie, algumas dezenas de indivíduos apenas, confinada a uma pequena área geográfica, dos quais apenas dois exemplares foram transportados para um laboratório para serem analisados de forma mais pormenorizada.

Recentemente, o Dr. Daike Tian do Shanghai Chenshan Plant Science Research Center, responsável pela expedição a terras tibetanas, partilhou alguns dados da sua investigação: uma das begónias estudadas em laboratório media 3,6 metros de altura, apresentava uma envergadura (quando seca) de 2,5 metros e o diâmetro do seu tronco, na parte mais grossa (a que se situa junto ao solo), era de aproximadamente 12 cm. Para ser transportada para o laboratório onde foi estudada, em Xangai, a planta teve que ser cortada em 4 secções.

Novidade e extinção

Esta begónia, recém-descoberta e recém apresentada à comunidade cientifica, é seguramente a mais alta do continente asiático e provavelmente a nível mundial. Foi presentada ao mundo através de uma revista de open source, a “PhytoKeys” e foi-lhe atribuído o nome científico de Begonia gigantica. Esta apresentação serviu, ainda, para dar a conhecer alguns detalhes desta planta, o seu habitat e os perigos que enfrenta quanto à sua conservação em meio selvagem.

Esta nova planta é aparentemente endémica no território tibetano controlado pela China, pode ser encontrada em altitudes que variam entre os 400 e os 1400 metros, em vales cobertos por florestas, preferencialmente junto a cursos de água.

O facto da Begonia gigantica estar distribuída por uma área de território bastante vulnerável à ação antrópica (Sul do Tibete), para além das razões anteriormente apontadas, foi suficiente para atribuir a esta espécie uma classificação de “Em Perigo” e a sua introdução na “Lista Vermelha, tendo em conta as categorias e os critérios utilizados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Apesar de ser uma espécie ameaçada no seu habitat natural, desde outubro de 2020 que é possível a todos os visitantes observar um exemplar no Shanghai Chenshan Botanical Garden. Em simultâneo, foi requerido ao Guiness World Records que reconhecesse esta espécie de begónia como a maior do mundo, algo que também pode ajudar à sua conservação.