Azolla: planta aquática prodígio pode melhorar a segurança alimentar após desastres, diz estudo
O estudo sugere que a planta aquática silvestre Azolla caroliniana pode ser uma nova fonte de proteína para a Humanidade, melhorando a segurança alimentar da população após catástrofes.
Investigadores da Universidade Estadual da Pensilvânia sugerem, num estudo publicado recentemente na revista Food Science & Nutrition, que a espécie Azolla caroliniana Willd., uma planta aquática selvagem pequena e rica em proteínas, pode ser uma solução alimentar para o ser humano em caso de uma catástrofe ou desastre.
As vantagens da Azolla caroliniana
A planta, que é da família das samambaias, é vista como prodígio para os investigadores, já que além de opção de alimento para os humanos, também pode auxiliar no combate às alterações climáticas e ser um potencial fertilizante natural.
Ela desenvolve-se na superfície da água, fixando nitrogénio e usando fósforo e luz solar para se reproduzir. Apenas com estes nutrientes, ela consegue crescer rapidamente, dobrando a sua biomassa em pouco tempo – praticamente a cada dois dias. Também possui grandes quantidades dos nutrientes zinco, manganês, ferro, cálcio e potássio.
Outro ponto positivo é que, por conseguir fixar o seu próprio nitrogénio, a planta não precisa de fertilizantes sintéticos para proliferar. Inclusive, nalguns países da Ásia, ela é utilizada nalgumas plantações fornecendo nitrogénio e impulsionando o crescimento de outras culturas. “Ela só precisa de 5 centímetros de água para crescer. Então pode ter um monte de bandejas de 5 centímetros empilhadas umas sobre as outras com luzes de crescimento. E poderia obter uma quantidade enorme de biomassa a sair deste espaço pequeno”, disse Daniel Winstead, autor principal do estudo.
Além disso, ela absorve uma quantidade significativa de dióxido de carbono (CO2) durante o processo de fotossíntese, tanto que um evento global, chamado “Evento Azolla” (“The Arctic Azolla event”) foi nomeado em sua homenagem. O evento aconteceu há cerca de 49 milhões de anos, quando a planta floresceu em quantidades tão grandes no Ártico que ajudou a reduzir drasticamente os níveis globais de CO2 atmosférico, causando um arrefecimento no planeta.
Algumas questões a serem consideradas
Contudo, as pessoas não devem sair para comer diretamente as plantas do género Azolla. Isto porque o seu uso para consumo humano deve ser limitado devido ao seu alto teor de polifenóis totais (TPC), que são compostos orgânicos encontrados em frutas, verduras, legumes e plantas.
Apesar dos TPCs atuarem como fortes antioxidantes e trazer alguns benefícios para o corpo, quando eles estão em grande quantidade, podem interferir na capacidade do corpo de absorver nutrientes e na digestibilidade.
Contudo, o teor contido na cepa caroliniana é muito menor, e cozinhar a planta diminui ainda mais esse teor, segundo os investigadores. Eles fizeram experiências com a Azolla caroliniana Wild. fervendo-a, cozinhando-a sob pressão e fermentando-a naturalmente para reduzir o seu teor de TPC, e mediram este teor e outros nutrientes antes e depois dos processos. Observaram que os métodos reduziram até 92% o TPC após o cozimento.
Por fim, segundo o estudo, a Azolla caroliniana Wild. é uma planta de alto rendimento e com grande potencial para cultivo e domesticação, o que facilita o seu consumo diante de situações de falta de alimento.
Referência da notícia:
Winstead, D. et al. Nutritional properties of raw and cooked Azolla caroliniana Willd., an aquatic wild edible plant. Food Science & Nutrition, v. 12, n. 3, 2024.