Astrónomos estão chocados: descoberto planeta que não deveria existir
Astrónomos encontraram um exoplaneta a orbitar um par de estrelas muito massivas. O problema é que este planeta não deveria existir e desafia tudo o que se sabe sobre a formação de planetas e estrelas no Universo.

O planeta b Centauri b não deveria existir, mas a imagem acima confirma o oposto. Obtida pelo Very Large Telescope da ESO, localizado no Chile, a imagem mostra um sistema estelar composto por duas estrelas supermassivas que orbitam uma em redor da outra, localizadas a 325 anos-luz de nós.
Trata-se de um planeta gigante gasoso que orbita as suas estrelas a uma distância de aproximadamente 560 vezes a da Terra ao Sol. Apesar de ser um gigante gasoso como Saturno, os anéis aparentes em redor do planeta não são anéis reais, apenas erros de imagem.
A massa do planeta é cerca de 11 vezes maior que a de Júpiter, tão massivo que, por pouco, não se tornou uma estrela. Objetos com massas apenas um pouco maiores iniciam fusões nucleares no seu interior e são classificados como estrelas do tipo anã castanha.
Na Rádio USP, o professor João Steiner apresenta a nem estrela, nem planeta: conheça a anã marrom https://t.co/dLCgxKWfkm pic.twitter.com/A2ReuMoQ8C
— USP (@usponline) October 8, 2018
Apesar do planeta ser impressionante, são as duas estrelas hospedeiras que tornam este sistema verdadeiramente diferente de qualquer outro já visto. Isto chocou os cientistas e revelou que há muita coisa que não sabemos sobre a formação de planetas no Universo.
O que torna b Centauri b um sistema único que desafia a ciência?
Acontece que as estrelas binárias neste sistema possuem uma massa combinada estimada de até 10 vezes a do Sol. Isto pode não parecer muito, mas é o dobro da massa de qualquer outro sistema estelar conhecido que hospede um planeta.
Estrelas deste tipo (designadas Tipo Espectral B) são extremamente quentes e emitem tanta radiação ultravioleta e raios-X que, em teoria, deveriam interromper o processo de formação dos planetas em seu redor.
De acordo com o Dr. Markus Janson, da Universidade de Estocolmo, na Suécia, encontrar um planeta neste sistema binário muda completamente aquilo que sabemos sobre a formação de estrelas massivas no Universo.
Ou seja, a descoberta levanta a possibilidade de que b Centauri b formou-se através de um processo diferente do que a teoria convencional prevê. Os autores do estudo supõem que o planeta tenha sido resultado de um disco de acreção próprio, com uma nuvem de gás grande o suficiente para colapsar sobre o seu próprio peso, transformando-se num planeta.
Como estrelas deste tipo nunca foram o foco na procura por exoplanetas, os astrónomos têm agora motivos para acreditar que existem muitos outros planetas como b Centauri b no Universo, que simplesmente foram negligenciados pelas nossas investigações.
Caso esta hipótese esteja correta, seremos capazes de dar um passo a mais na compreensão de como os sistemas planetários se formam e, talvez, desvendar alguns dos mistérios do nosso próprio planeta no processo.