Anticiclone dos Açores em expansão para norte: impactes climáticos em análise na Atmospheric Physics and Chemistry

Estudos recentes no âmbito da climatologia sugerem que o Anticiclone dos Açores, uma das principais influências meteorológicas no Atlântico Norte, está a expandir-se para o Polo Norte. Saiba mais aqui!

CMIP 6 Anticiclone dos Açores
Observações do CMIP6 indiciam que o Anticiclone dos Açores está a avançar para Norte, com consequências em território europeu e América do Norte

A tendência de expansão para norte do Anticiclone dos Açores, observada através da análise de modelos climáticos avançados, levanta algumas preocupações sobre os efeitos das alterações climáticas na Europa e na América do Norte, regiões diretamente afetadas por este sistema barométrico de altas pressões.

O Anticiclone dos Açores é um sistema de altas pressões localizado no Atlântico Norte, que desempenha um papel determinante nos padrões meteorológicos em grande parte do hemisfério ocidental. Tradicionalmente, este anticiclone mantém-se estável nas latitudes médias, responsável por influenciar o clima, as correntes de vento e os sistemas de tempestades que afetam a Europa e a América do Norte.

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No entanto, uma nova pesquisa, baseada em modelos do CMIP6 (Coupled Model Intercomparison Project Phase 6), aponta para uma tendência inquietante: o anticiclone está a deslocar-se progressivamente em direção ao norte. Esta deslocação em latitude está intimamente ligada com o aumento das concentrações de Gases com Efeito de Estufa (GEE) na atmosfera, que têm provocado um aquecimento global indicativo, especialmente nas regiões polares.

Impactes na Europa e América do Norte

A expansão do Anticiclone dos Açores para norte pode ter várias consequências para o clima da Europa e da América do Norte. Uma das principais preocupações é a possível alteração nos padrões de precipitação. Com o movimento do anticiclone para norte, esperam-se verões mais secos no sul da Europa, exacerbando a frequência e severidade das secas, e ao mesmo tempo, a intensificação dos períodos de chuva intensa e tempestades no norte da Europa e nas regiões do Atlântico Norte.

Nos Estados Unidos, especialmente nas regiões nordeste e leste, as mudanças nos padrões climáticos podem resultar em invernos mais frios e verões mais quentes, uma vez que o anticiclone influencia a trajetória das frentes frias e dos sistemas de tempestades que afetam estas áreas. A sua deslocação pode também influenciar a intensidade e a frequência dos furacões no Atlântico, que são guiados por ventos de alta altitude associados ao anticiclone.

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Uma análise mais detalhada dos modelos CMIP6 revela que a expansão do Anticiclone dos Açores está a ocorrer de forma mais pronunciada no Hemisfério Norte, em comparação com as estimativas anteriores baseadas em modelos do CMIP5. Os dados sugerem que esta expansão está a ser impulsionada principalmente pelo aumento das temperaturas globais, que estão a causar uma mudança na circulação atmosférica global.

Os modelos indicam que, com o aumento contínuo das emissões de GEE, esta tendência de expansão poderá acelerar nas próximas décadas. Tal significa que nas regiões atualmente sob a influência do Anticiclone dos Açores poderão ser vivenciadas alterações climáticas mais abruptas e imprevisíveis.

Preocupações e medidas adicionais

As implicações desta expansão são múltiplas e, em alguns casos, de difícil perceção. Para os cientistas, em particular, é vital continuar a monitorizar estas mudanças e melhorar os modelos climáticos para prever com maior precisão os impactes a longo prazo. A expansão do anticiclone pode alterar não só os padrões climáticos, mas também ter efeitos secundários em áreas-chave como a agricultura, a gestão de recursos hídricos, e até mesmo as questões de saúde pública, devido ao aumento das ondas de calor e secas.

Além disso, existe uma preocupação crescente sobre o impacte que estas mudanças terão sobre os ecossistemas marinhos no Atlântico Norte. O Anticiclone dos Açores desempenha um papel importante na circulação oceânica e na distribuição de nutrientes nas águas superficiais, o que afeta diretamente a vida marinha e as indústrias pesqueiras.

A expansão do Anticiclone dos Açores rumo ao Polo Norte é um sinal adicional de como as alterações climáticas estão a reconfigurar os padrões atmosféricos e a influenciar o clima global. Na continuação deste estudo sobre as mudanças, torna-se evidente a necessidade de uma ação climática global para mitigar os efeitos das alterações climáticas e preparar as sociedades para encarar a nova realidade climática.

Referência da notícia:

Grise, K. M., & Davis, S. M. (2020). Hadley cell expansion in CMIP6 models. Atmospheric Chemistry and Physics, 20(9), 5249-5268. https://doi.org/10.5194/acp-20-5249-2020