Alterar a temperatura de congelação dos alimentos pode reduzir as emissões
A atualização da temperatura padrão para a congelação de alimentos poderia reduzir as emissões de carbono e a perda de alimentos.
Ao aumentar a temperatura dos alimentos congelados em 3 °C, os especialistas preveem que poderíamos reduzir as emissões de carbono em 17,7 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono por ano, tornar a cadeia alimentar global mais sustentável e reduzir com segurança a perda de alimentos.
Num novo relatório intitulado Three Degrees of Change (Três Graus de Mudança), uma equipa internacional de cientistas sugere que a temperatura dos alimentos congelados poderia ser aumentada de -18°C para -15°C, poupando o equivalente às emissões de dióxido de carbono de 3,8 milhões de automóveis por ano.
Reduzir o desperdício
A congelação dos alimentos prolonga o seu prazo de validade por vários meses e a investigação sugere que os alimentos congelados geram menos 47% de desperdício alimentar no agregado familiar do que as categorias de alimentos frescos. A congelação pode também reduzir a perda e o desperdício de alimentos, que representam 38% do consumo total de energia no sistema alimentar global.
"Aumentar a temperatura dos alimentos congelados em 3 °C tornaria o congelamento dos alimentos muito menos prejudicial para o ambiente", explica a Dra. Leyla Sayin, diretora-adjunta do Centro de Refrigeração Sustentável da Universidade de Birmingham.
A temperatura normal de -18°C foi decidida há 93 anos e não sofreu alterações, pelo que normalmente congelamos demasiado os alimentos, acrescenta Sayin. "É perfeitamente seguro congelar alimentos a uma temperatura superior a -15°C e tornaria mais fácil congelar alimentos na colheita em climas mais quentes e mantê-los durante o transporte."
Cerca de metade dos alimentos do Reino Unido são importados de 160 países, "pelo que uma mudança no sentido de uma maior congelação a uma temperatura mais elevada teria um enorme impacto, e não apenas em casa. Se aplicarmos isto ao resto do mundo, assistiremos a uma transformação total da cadeia alimentar e de frio global", afirma Sayin.
Uma mudança para métodos de transporte mais ecológicos, como o marítimo em vez do aéreo, pode também reduzir a pegada de carbono.
"A nível mundial, 12% dos alimentos produzidos anualmente para consumo humano perdem-se devido à falta de uma gestão adequada da temperatura. Para além disto, o crescimento da população mundial aumenta a procura de alimentos, enquanto o rápido aquecimento global reduzirá a produção alimentar", explica Toby Peters, Professor de Economia do Frio na Universidade de Birmingham e na Universidade Heriot-Watt, que liderou a investigação.
"É de extrema importância que encontremos formas de combater a perda de alimentos, de modo a alcançar uma segurança alimentar global equitativa. Congelar alimentos é um desses métodos, mas temos de o fazer da forma mais eficiente e sustentável possível em termos energéticos."
A investigação foi conduzida pela Universidade de Birmingham, pelo Instituto Internacional de Refrigeração e pela Universidade de London South Bank, entre outros, e apoiada pela DP World, uma empresa de logística global que criou uma coligação a nível industrial para explorar a viabilidade desta mudança, denominada Join the Move to -15°C.