Alterações climáticas: os desastres ambientais que quase reparamos
Não há soluções simples para problemas complexos como as alterações climáticas. Mas houve alturas no passado em que o mundo se uniu para tentar resolver uma crise ambiental. Saiba mais aqui!
Com a mudança climática a dominar a agenda das notícias, hoje em dia ouvimos muito pouco sobre o buraco na camada do ozono, dada a ocorrência cada vez mais frequente de outros eventos extremos relacionados com as alterações climáticas.
Durante muito tempo, também a chuva ácida foi uma fonte de conflito internacional, com alguns a negarem a sua existência e com a indústria dos combustíveis fósseis contra os ambientalistas.
Segundo John Smol, cientista que estudou este tema na década de 1980, os debates e discussões sobre a chuva ácida foram uma formação para as questões mais complexas das alterações climáticas. "A primeira lição que aprendi foi que tínhamos de comunicar eficazmente os resultados dos nossos estudos, não só a outros cientistas, mas também aos decisores políticos e ao público em geral", afirmou.
Desastres ambientais que foram resolvidos, ou quase
Na década de 1980 os peixes desapareceram dos rios que atravessam a Escandinávia; as árvores, em algumas partes das florestas, ficaram despojadas de folhas, e na América do Norte alguns lagos estavam tão desprovidos de vida que as suas águas se transformaram num azul translúcido assustador.
A causa: as nuvens de dióxido de enxofre das centrais elétricas que queimam carvão percorreram longas distâncias no ar e caíram de volta à Terra sob a forma de chuva ácida.
Os alertas da imprensa para as ameaças de chuva ácida eram comuns. Durante anos, houve ofuscação, negação e impasses diplomáticos, mas uma vez que a questão científica foi resolvida sem qualquer dúvida, os apelos à ação rapidamente ganharam ímpeto.
Esta situação levou a acordos internacionais que restringiram os poluentes provenientes da queima de combustíveis fósseis que acidificam a chuva. Com isto, a chuva ácida é agora, em grande parte, uma coisa do passado na Europa e na América do Norte, embora continue a ser um problema noutros lugares, particularmente na Ásia.
Em 1985, a notícia de outro problema ambiental que se avizinhava, chegou às capas dos jornais. Os cientistas do British Antarctic Survey (BAS) alertaram o mundo para um grande e crescente buraco na camada de ozono acima da Antártida. Este foi causado pelos clorofluorocarbonetos (CFC), mais tarde utilizados em aerossóis e refrigerantes.
O ozono sobre a Antártida tinha vindo a diminuir desde os anos 70, mas as notícias que agora cobriam todo o continente antártico desencadearam um alarme mundial. Em 1987, os líderes mundiais assinaram o Protocolo de Montreal, aclamado como um dos tratados ambientais mais bem-sucedidos de todos os tempos.
Os produtos químicos destruidores do ozono foram gradualmente eliminados, com a indústria a mudar para latas de aerossóis "sem CFC" que apelavam aos consumidores verdes. "Era um problema global, mas a indústria, os cientistas, os decisores políticos juntaram-se", afirma a cientista Anna Jones, do BAS.
As duas faces do ozono
A gasolina com chumbo liberta partículas de chumbo nos escapes dos veículos que podem ser respiradas, causando uma variedade de problemas de saúde, incluindo ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais e desenvolvimento mental deficiente nas crianças.
Após uma longa batalha entre cientistas, autoridades reguladoras e indústria, surgiu um consenso em torno dos riscos para a saúde e as nações ricas proibiram a gasolina com chumbo a partir da década de 1980.
Lições para as alterações climáticas
Apesar de no passado a união ter feito diferença, o Prof. Smol diz que a situação é mais complicada hoje em dia devido ao crescimento dos meios de comunicação social e à disseminação da desinformação.
A cientista Anna Jones afirmou também que: "Quando a indústria e os governos se juntaram no passado, resolveram um problema ambiental globalmente ameaçador - agora precisam de mostrar que o podem fazer novamente".