A viragem brusca na trajetória dos furacões: porque é tão difícil de prever?
A previsão da trajetória dos furacões melhorou nas últimas décadas, mas continuam a existir desafios, especialmente quando há mudanças abruptas na direção da viagem.
A previsão da trajetória dos furacões melhorou significativamente nas últimas décadas devido aos avanços na computação, às melhorias na modelação meteorológica e à disponibilidade de grandes quantidades de dados.
Os avanços permitiram salvar vidas e atenuar os efeitos dos furacões. Mas continuam a existir desafios em termos de previsão da intensidade e da trajetória, especialmente quando há mudanças bruscas na direção de deslocação de um ciclone.
Os ciclones são impulsionados por ventos dominantes de grande escala na atmosfera. Estes ventos sopram a diferentes altitudes e direções, criando correntes de ar que determinam a direção e a velocidade do movimento do ciclone.
Basicamente, um ciclone é como uma rolha a flutuar numa corrente de água, e esta corrente é responsável pelo transporte da rolha, tal como as correntes de vento na atmosfera que rodeiam o ciclone.
Os ciclones, quando se deslocam na região tropical, têm normalmente um movimento de oeste para noroeste. Isto deve-se ao facto de os centros de alta pressão “obrigarem” os ciclones a deslocarem-se em torno da sua periferia.
Por outro lado, alguns ciclones fazem curvas acentuadas na sua trajetória quando são capturados por depressões, o que torna a previsão da sua trajetória muito difícil.
Ciclones em estação: um período de grande stress para os meteorologistas
Um ciclone, antes de fazer uma curva, tende a tornar-se estacionário, o que significa que permanece durante um longo período de tempo na mesma área. Esta situação é muito perigosa porque os efeitos persistirão enquanto o ciclone estiver estacionário.
O furacão Wilma 2005 e o desafio de prever a sua trajetória
O Wilma detém o recorde de furacão mais intenso da região atlântica, com uma pressão atmosférica de 882 mb. Afetou gravemente a Península de Yucatán e Havana.
Este ciclone de outubro de 2005 atingiu a categoria 5 no oeste do Mar das Caraíbas e fez a já referida curva no Canal de Yucatan, tendo depois acelerado o seu movimento a norte do oeste de Cuba, antes de atingir a Flórida.
Sara e a sua complexa trajetória
O ciclone tropical Sara está a “cozinhar” no mar das Caraíbas. Até quarta-feira à noite, 13 de novembro, havia muita incerteza sobre a sua trajetória e intensidade, especialmente nos próximos 5 dias.
Não há dúvida de que, apesar de estarmos no último mês da época dos furacões, não podemos ser complacentes, pois Sara pode trazer-nos surpresas. A península de Yucatan, o oeste de Cuba e a península da Florida devem estar atentos a esta nova ameaça ciclónica.
Por último, tenha cuidado com as falsas previsões nas redes sociais ou nos tablóides. Não acredite quando lhe asseguram a trajetória ou a intensidade de um furacão sem estar formado, especialmente se a previsão estiver a mais de uma semana de distância.