A Terra poderá em breve assistir à primeira chuva de meteoros provocada pelo Homem

Fragmentos de um asteroide que foi atingido durante um teste de defesa da Terra há alguns anos poderiam entrar na atmosfera terrestre, de acordo com um novo estudo.

Meteoritos, espaço
Esta chuva de estrelas será visível a partir do hemisfério sul.

Os detritos do asteroide Dimorphos, provenientes da histórica missão DART da NASA, poderão dar origem à primeira chuva de meteoros provocada pelo Homem. O impacto da sonda espacial com o asteroide em setembro de 2022 não só alterou a sua órbita, estabelecendo um marco na exploração espacial, como também lançou uma nuvem de detritos para o espaço.

De acordo com um estudo recentemente publicado no The Planetary Science Journal, estas partículas poderão atingir tanto a Terra como Marte nos próximos anos. O estudo, liderado por cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA) e de várias universidades europeias, chegou a esta conclusão após modelar a forma como os fragmentos ejetados durante o impacto poderiam ser capturados pelos campos gravitacionais de ambos os planetas.

Uma chuva de meteoros única

Os autores do estudo afirmam que não há motivo para preocupação. Embora a perspetiva de observar os meteoros produzidos pelo impacto do DART seja excitante, os investigadores sublinham que apenas os fragmentos mais pequenos, ejetados a velocidades mais elevadas, poderão chegar à Terra. Isto significa que qualquer chuva de meteoros que ocorra é segura e não representa qualquer risco.

Os fragmentos que atingirem a Terra serão demasiado pequenos para constituírem uma ameaça, mas a chuva de meteoros provocada pelo Homem é certamente um acontecimento sem precedentes.

Os fragmentos que voam pelo espaço são pequenos e têm um diâmetro de cerca de 10 cm. No entanto, os especialistas acreditam que alguns deles podem penetrar na atmosfera terrestre e produzir meteoros visíveis, especialmente no hemisfério sul.

Michael Kueppers, cientista da ESA para a missão Hera, sublinhou que este estudo constitui uma oportunidade extraordinária para analisar o percurso dos detritos no espaço, uma vez que “conhecemos o local exato do impacto, as caraterísticas do impatador e os detalhes do material ejetado”.

A missão Hera, que chegará ao asteroide Dimorphos em 2026, finalizará este estudo e fornecerá informações sem precedentes sobre o impacto, o asteroide e os detritos ejetados para o espaço.

Missão DART no asteroide Dimorphos

Em 26 de setembro de 2022, a nave espacial Double Asteroid Redirection Test (DART) da NASA encontrou Dimorphos, um satélite natural do asteroide Didymos.

A DART foi a primeira e até agora única missão a investigar e demonstrar um método de desvio de asteroides alterando o seu movimento no espaço através de colisões cinéticas.

O teste foi um sucesso retumbante. Antes do impacto, Dimorphos necessitava de 11 horas e 55 minutos para uma órbita completa. Agora precisa de 11 horas e 23 minutos, com uma margem de erro de 2 minutos, para orbitar o asteroide Didymos, confirmou a NASA.

Atualmente, os dados do DART ajudam os cientistas da NASA e da ESA a prepararem-se para desviar um asteroide quando este se dirige para a Terra.


Referência da notícia:

Eloy Peña-Asensio, Michael Küppers, Josep M. Trigo-Rodríguez, Albert Rimola. “Delivery of DART Impact Ejecta to Mars and Earth: Opportunity for Meteor Observations”, The Planetary Science Journal.