A importância da madeira morta nas florestas

A madeira morta nos bosques e florestas é imprescindível para o equilíbrio dos ecossistemas florestais. Saiba aqui porquê!

Florestas
A madeira morta existente em bosques ou florestas é uma fonte de matéria orgânica natural que enriquece os solos.

Segundo um projeto financiado pela Comissão Europeia (LIFE), a madeira morta presente nas manchas florestais é fundamental à sobrevivência de um elevado número de espécies.

A madeira morta em decomposição é fundamental para a manutenção do ciclo de nutrientes nos espaços florestais, para a estabilização dos solos, para a fixação de carbono atmosférico, e ajuda em último caso na regeneração natural das florestas.

Quer seja uma árvore morta (de pé ou caída no chão), quer seja madeira morta em decomposição em árvores ainda vivas, como em cavidades, ramos e tumores, é importante deixá-la ficar nas florestas e nos bosques.

Na verdade, entre 25 a 30% das espécies que vivem nas florestas a nível mundial precisam de madeira morta durante algum momento da sua vida e usam-na, por exemplo, para se alimentarem, hibernarem ou nidificarem.

"A decomposição de madeira permite manter os ciclos de nutrientes destes habitats, ajuda a reter humidade e a suportar os solos”.
João Gonçalo Soutinho, coordenador do projecto VACALOURA.pt

Espécies que dependem da madeira morta

Existem algumas espécies portuguesas que necessitam de madeira morta para sobreviver, como é o caso da vaca-loura, pica-paus e o morcego anão.

Vaca-loura

A vaca-loura alimenta-se de raízes mortas de carvalho-alvarinho (Quercus robur). Tem um ciclo de vida de dois a três anos no nosso país, durante o qual passa a maior parte do tempo a ingerir e degradar a madeira morta.

Vaca-loura
Enquanto larvas, estes insetos alimentam-se de grande quantidade de madeira morta em decomposição.

O maior escaravelho europeu é apenas uma das espécies de escaravelhos que existem em Portugal que se alimentam de madeira morta durante o seu desenvolvimento.

O processo de decomposição da madeira morta só acontece realmente quando envolve fungos e bactérias que têm o papel de transformar a matéria orgânica em inorgânica novamente.

Mas há muitos mais invertebrados sem ser escaravelhos que dependem de madeira morta, como moscas, abelhas, vespas, formigas, borboletas, traças, térmitas, entre outros.

Pica-paus

Além das corujas que usam grandes cavidades das árvores para nidificarem, há um grupo particular de aves extremamente especializadas e dependentes de madeira em decomposição, os pica-paus.

Pica-paus
De entre as aves indiretamente dependentes da madeira morta encontram-se os pica-paus, que utilizam ocasionalmente este habitat para refúgio e também como local de alimentação.

Em Portugal podemos encontrar várias espécies, como o pica-pau-malhado-grande (Dendrocopus major), o pica-pau-malhado-pequeno (Dendrocopus minor) e o peto-verde (Picus viridis).

Os pica-paus têm uma dieta que inclui várias espécies de invertebrados que se desenvolvem na madeira morta, normalmente sob a casca das árvores. Além disso são o grupo mais importante de aves que criam e usam orifícios nas árvores para nidificarem.

As cavidades criadas por estas espécies, além de darem proteção contra predação e abrigo contra condições meteorológicas extremas para outros vertebrados, são também zonas com variações muito reduzidas da temperatura e da humidade e por isso são locais ideias para os ciclos de vida de muitos seres vivos.

Morcego anão

O morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus), juntamente com o morcego-arboricola-gigante (Nyctalus lasiopterus) são outras espécies que dependem da madeira morta.

Morcego anão
Os morcegos utilizam os buracos das árvores como locais de abrigo.

Estes encontram nas árvores excelentes locais para se abrigarem, por vezes debaixo da casca das árvores.

Por isso, quando andar num bosque ou na floresta lembre-se que a madeira morta não é lixo, mas sim vida!

Referência do artigo:
LIFE PORTUGAL, LIFE20 NAT/ES/000309 "Long distance non motorized routes such as green infrastructures"