A importância da literacia no combate à desinformação e o discurso de ódio nas redes
Os jovens iniciam cada vez mais cedo o uso de aparelhos digitais, tal como a interação nas plataformas digitais. Haverá desinformação ou até mesmo ambiente de ódio por parte dos utilizadores? Fique a saber aqui!

Cada vez mais cedo, as novas gerações acedem aos dispositivos móveis e às redes sociais, determinando a sua visão do mundo.
De acordo com o relatório My Connected Reality: Yes, I am also digital, da Fundación Cibervoluntarios (2023), que fornece dados relevantes sobre o acesso à tecnologia: 57,5% dos jovens adquirem o seu primeiro aparelho digital entre os 10 e os 12 anos. 32,6% adquirem-no entre os 14 e os 16 anos e mais de 90% dos jovens acedem ao seu primeiro telemóvel antes dos 16 anos.
Estes dados estão em consonância com as tendências comunicadas pela Common Sense Media (2019), que situa a idade média da primeira utilização de um smartphone nos EUA entre os 10 e os 12 anos.
No entanto, a legislação de muitos países estabelece 13 ou 14 anos como a idade mínima para a utilização das redes, mas a realidade mostra que as crianças começam frequentemente a interagir nas plataformas digitais abaixo deste limiar.
Desinformação e discurso de ódio encontrado nas redes sociais
O discurso de ódio, definido pelo Conselho da Europa (2019) como o incitamento ou a justificação da violência e da discriminação contra grupos, encontra nas redes sociais um veículo para a sua amplificação, especialmente entre públicos com poucas ferramentas críticas, como as crianças e os adolescentes.
O espaço digital é um ambiente que pode favorecer a difusão de mensagens maliciosas, às quais a população mais jovem está mais exposta através da utilização das redes sociais e da Internet.
Neste sentido, segundo uma publicação no Theconversation existem quatro tipos de “facilitadores” ou mecanismos que incentivam o discurso de ódio, entre os quais se destacam: o anonimato e o distanciamento que favorecem a emissão de mensagens hostis.
Estes riscos são amplificados pelo advento de sistemas de inteligência artificial (IA) capazes de gerar e difundir informações falsas em grande escala. Os algoritmos de recomendação criam “bolhas de filtragem” nas quais os cidadãos são isolados de outras opiniões, reforçando uma visão do mundo menos diversificada.

A IA surge neste cenário como um amplificador de desinformação, produzindo vídeos e imagens sintéticas que podem prejudicar a reputação de indivíduos ou coletivos, espalhando estereótipos racistas e boatos difíceis de refutar.
A literacia mediática como resposta urgente
Desta forma há a necessidade de reforçar a literacia mediática e informativa desde cedo, dotando os jovens de competências digitais que lhes permitam detetar embustes, dúvidas e desinformação. É também importante haver formação em pensamento crítico, para analisar informações virais e verificar a sua autenticidade.
A investigadora em literacia mediática Eva Herrero salienta a vulnerabilidade das crianças à desinformação e ao discurso de ódio nas redes. Por conseguinte, é fundamental incluir a literacia mediática no currículo escolar para que as crianças aprendam a identificar informações falsas.