A física quântica explica o aquecimento global: como o dióxido de carbono intensifica o efeito de estufa?

Um estudo liderado por Robin Wordsworth, da Universidade de Harvard, revela que a ressonância de Fermi, um fenómeno da física quântica, desempenha um papel crucial no aquecimento global causado pelo dióxido de carbono (CO2).

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Novas evidências científicas explicam a relação entre a física quântica e o impacte do dióxido de carbono no clima do planeta Terra.

No cerne de um debate intenso sobre o aquecimento global a dominar as discussões internacionais encontra-se um estudo que relaciona a mecânica quântica e o impacte do dióxido de carbono (CO2) no clima do planeta Terra.

O CO2, um dos principais gases responsáveis pelo efeito de estufa, há já muito tempo é considerado pelos cientistas como um dos gases com maiores efeitos no aquecimento global pela sua capacidade única de reter o calor na atmosfera. Agora, um estudo liderado por Robin Wordsworth, da Universidade de Harvard, revela que uma peculiaridade na física quântica, conhecida como ressonância de Fermi, desempenha um papel crucial nesse processo.

Em que consiste a ressonância de Fermi e quais são os seus efeitos?

A ressonância de Fermi, explicam os investigadores, influencia a vibração das moléculas de CO2, aumentando a capacidade de absorver a radiação infravermelha, essencialmente pela sua capacidade de reter o calor na atmosfera terrestre. Este fenómeno quântico aumenta a eficácia do CO2 como gás com efeito estufa, tornando-o particularmente importante no contexto das mudanças climáticas.

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No estudo detalhado, Wordsworth e a sua equipa desenvolveram equações para modelar os efeitos da absorção de radiação pelo CO2, tendo em consideração a ressonância de Fermi. Descobriram durante o processo de investigação que este fenómeno quântico é responsável por quase metade do efeito de aquecimento causado pelo CO2 na atmosfera terrestre.

Jonathan Tennyson, da University College London, observa que entender a conexão entre a ressonância de Fermi e o efeito de estufa pode ter implicações na previsão do clima na Terra, mas também para a modelação atmosférica de exoplanetas.

Os resultados desta investigação podem permitir cálculos mais rápidos e precisos, economizando os recursos computacionais, que se constituem de grande relevância.

Novas investigações são ainda necessárias para explicar o papel da física quântica no aquecimento global

No entanto, apesar do avanço na compreensão do papel da física quântica no aquecimento global, ainda há vários impactes e consequências a merecer investigação e reflexão.

Wordsworth admite que a amplitude da ressonância de Fermi associada ao CO2 ainda não é claramente explicada. Esta questão pode exigir, pois, mais investigações cuidadas no campo da física fundamental.

Enquanto isso, a investigação destaca a interconexão entre os fenómenos quânticos e os processos macroscópicos que moldam o nosso clima.

Destaca-se, assim, também a importância de uma abordagem multidisciplinar para resolver os desafios urgentes relacionados com as alterações climáticas.

Referência da notícia:Wordsworth, R., Seeley, J., & Shine, K. (2024). Fermi Resonance and the Quantum Mechanical Basis of Global Warming. arXiv. DOI: 10.48550/arXiv.2401.15177