A estrela Betelgeuse não vai explodir. Confira outras 5 candidatas
Um escurecimento inesperado da massiva estrela Betelgeuse, ocorrido no início da pandemia, fez com que os cientistas acreditassem que ela estava prestes a explodir num fenómeno chamado de Supernova, mas a razão da mudança foi outra.
Em dezembro de 2019, astrónomos relataram uma mudança surpreendente na aparência de Betelgeuse, uma estrela gigante vermelha muito brilhante localizada na constelação de Órion. O seu brilho começou a diminuir drasticamente. Em meados de fevereiro de 2020, a estrela havia perdido 65% do seu brilho. O fenómeno foi dado como um possível sinal de que a estrela estava prestes a explodir.
Mas nos meses seguintes, a estrela voltou a recuperar rapidamente o seu brilho. Embora temporário, o evento permaneceu sem explicação, empolgando observadores com uma rara mudança no céu noturno visível a olho nu. Agora, um ano após a recuperação da estrela, os investigadores finalmente fornecem uma explicação convincente para este estranho comportamento.
Betelgeuse possui uma massa que pode chegar ao equivalente a 19 sóis. Estas estrelas massivas evoluem muito mais rápido do que estrelas com massa inferior, durando apenas alguns milhões de anos ao invés de biliões, como o nosso sol. Betelgeuse é classificada como uma supergigante vermelha - trata-se do estágio final na evolução de estrelas massivas, que ocorre quando há arrefecimento e expansão das suas camadas externas. Neste estágio, o núcleo da estrela passa milhões de anos a fundir elementos progressivamente mais pesados antes de entrar em colapso e explodir numa supernova.
O que é uma supernova?
Este evento astronómico é um dos mais violentos e brilhantes do universo. A estrela original, incapaz de conter o seu próprio peso, entra em colapso, causa uma explosão gigantesca e expele uma grande quantidade de gases. O processo pode durar vários meses, e no seu pico de luminosidade, uma supernova brilha mais intensamente do que a galáxia inteira.
Supernovas foram observadas ao longo de toda a história humana. A supernova de Kepler, observada no ano 1604, chegou a ser visível durante o dia durante mais de três semanas, ainda que não estivesse tão próxima de nós. Há pinturas rupestres, datadas de 20 mil anos atrás, que mostram dois sóis no céu - sendo que um deles, na verdade, era uma supernova extremamente brilhante em andamento.
Observações de supernovas noutras galáxias sugerem que elas ocorrem na Via Láctea, em média, cerca de três vezes a cada século. Isso significa que há a possibilidade de presenciarmos uma supernova ao longo da nossa vida, embora talvez não seja tão intensa nem tão brilhante no céu. A mais recente, registada em 1987, estava distante e pareceu apenas uma estrela comum, que brilhou durante alguns meses para observadores do hemisfério sul.
Afinal, o que causou o escurecimento da Betelgeuse?
Usando instrumentos do Very Large Telescope, no Sul no Chile, os investigadores capturaram fotos de Betelgeuse antes e durante o evento. Uma comparação detalhada dessas imagens mostra que a estrela não havia simplesmente encolhido ou escurecido uniformemente, ao invés disso, a perda de luminosidade concentrou-se apenas no hemisfério sul da estrela.
Os estudos e simulações sugerem que o escurecimento foi causado por uma nuvem de gases expelida pela própria estrela. Há evidências de um episódio de perda de massa quase um ano antes do escurecimento. Além disso, a estrela passou por um processo de arrefecimento temporário. Esta queda de temperatura permitiu com que o gás expelido formasse poeira rapidamente e se transformasse numa densa nuvem que bloqueou grande parte da luz de Betelgeuse durante alguns meses.
Embora o falso alerta seja, de certa maneira, dececionante, este tipo de estudo ajuda-nos a entender melhor o funcionamento e o ciclo de vida de estrelas como o nosso próprio Sol, um conhecimento vital até mesmo para obter previsões meteorológicas mais precisas. E, embora Betelgeuse não vá explodir este ano, há uma série de outras estrelas em estágios finais de vida que podem virar supernovas a qualquer momento. Confira:
- Eta Carinae: A estrela já está a expelir material e variou de luminosidade várias vezes durante a história. Deve transformar-se numa supernova ainda neste século.
- T Coronae Borealis: O sistema é, na verdade, composto por duas estrelas que circulam uma ao redor da outra. Próximo do fim, já tem causado erupções intensas nas últimas décadas.
- WR 102: Uma estrela de Wolf-Rayet, também está a expelir gases nas suas fases finais da vida, registando temperaturas altíssimas. Viverá no máximo mais 1500 anos.
- WR 142: Outra estrela de Wolf-Rayet, também em estágios finais de vida, porém com temperaturas ligeiramente mais frias que a estrela anterior. Viverá no máximo mais 2000 anos.
- Antares: Maior e próxima de nós, a gigante vermelha da constelação de Escorpião também está prestes a explodir, mas há incertezas quanto ao tempo que ainda viverá. Pode ser que dure até 10.000 anos.