A controversa elementaridade do dióxido de carbono
A origem do Universo baliza o dimensionamento da evolução de tudo o que conhecemos como (in)existente, e assevera a intrínseca relação da existência de vida, com a assombrosa magnitude quântica da energia cósmica. Saiba mais aqui.
Considerando a teoria do Big Bang, supostamente há cerca de 14 biliões de anos, a partir de um ponto compacto e inimaginavelmente quente, o Universo começou uma expansão e arrefecimento ao sabor de uma intrincada dinâmica métrica temporal. Uma ocorrência que formou, que libertou elementos químicos, inicialmente apenas hidrogénio e hélio, tendo os mais pesados sido todos sintetizados no centro das estrelas.Sob a efemeridade da existência, ao morrerem foi e é libertado pelas estrelas, gás enriquecido com esses elementos pesados, agregando-se aos restos de milhares de outras estrelas, contribuindo para uma contínua formação de novas gerações de corpos celestes.
Os elementos químicos criados a partir de partículas de matéria emitidas pelas estrelas, derivam em inúmeros compostos, estes, indissociáveis dos chamados monómeros da vida, e assim, cada átomo de oxigénio que inspiramos, cada átomo de cálcio que constitui o esqueleto humano, ou de ferro ou carbono que alimenta a nosso musculatura, tiveram origem num mesmo ponto, num mesmo momento, que compõe tudo o que existe dentro e fora da matéria que constitui os seres vivos e não vivos.
CO₂, o vilão da história da humanidade?
Trata-se do quarto componente mais abundante no ar seco, e o principal gás das “atmosferas” dos planetas Vénus e Marte, sendo que na Terra, foi copiosamente removido da atmosfera primitiva, através da precipitação que formou os oceanos onde permanece dissolvido. É um gás incolor e inodoro, formado por 2 átomos de oxigénio e 1 átomo de carbono, ao qual vulgarmente está associada conotação nociva, como poluente. Contudo, é fundamental para a nossa vida! Atua no manto de protecção da atmosfera, no efeito de estufa, o sistema que mantém uma temperatura média que possibilita a existência de vida, e onde é aprisionada a radiação infravermelha emitida pela superfície terrestre, aquecida pela energia proveniente dos raios solares.
Paralelamente, assegura a manutenção da vida uma vez que a energia do Sol é utilizada pelos seres fotossintetizantes, como as algas, que ao combinarem o CO₂ que absorvem da atmosfera com os átomos de hidrogénio que extraem da água, formam hidratos de carbono que as alimentam, do mesmo modo que os seres vivos queimam esses hidratos de carbono durante a respiração celular, no processo inverso ao da fotossíntese, numa dinâmica que mantém o balanço constante entre as quantidades de O₂ e CO₂ no planeta.
Destaque-se que sob efeito de temperatura inferior a -78,5⁰C, o CO₂, através do processo de sublimação, arrefece passando diretamente do estado sólido para o gasoso, sem se tornar líquido – o gelo seco, desempenhando por isso, relevante utilidade na indústria alimentar e medicamentosa, e com a conservação de materiais que sofrem danos na presença de água, sendo igualmente componente essencial nas bebidas gaseificadas, como cerveja ou refrigerantes.
O CO₂ e o clima terrestre
Sem o dióxido de carbono não haveria diversidade de vida na Terra, eventualmente muito diferente e cingida ao fundo dos oceanos, pois o mecanismo efeito de estufa, que funciona sob interações do vapor de água, oxigénio, óxido nitroso, metano, dióxido de carbono, não funcionaria deficitário de qualquer um dos seus agentes forçantes.
O dióxido de carbono encontra-se aprisionado na constituição interior do planeta, libertado para a atmosfera através da emissão particulada dos vulcões - existem cerca de 200 ativos, e o Pinatubo, nas Filipinas, expeliu em apenas um ano (1991), o equivalente às emissões antropogénicas desde a revolução industrial. O CO₂ alimenta e é absorvido pelos solos, pelos ecossistemas ricos em turfa, contudo, a demanda por terras aráveis que respondam ao insaciável consumismo humano, sustentado por modas alimentares, está aceleradamente a transformar os solos em emissores de dióxido de carbono, em detrimento da sua ação armazenativa.
A massificação da desflorestação por interesses económicos, tem vindo a reduzir drasticamente a população dos agentes consumidores de CO₂ que produzem O₂. Os efeitos da utilização de recursos fósseis como o carvão, o crude, a madeira, para alimentar indústrias, veículos a combustão e veículos elétricos (a energia que utilizam provém de centrais de processamento de combustíveis fósseis), incontornavelmente afetam o mecanismo do efeito de estufa, por aumentarem a quantidade de CO₂ na atmosfera.
Assim existe um efeito cíclico, da consequência inerente. O CO₂ existe nos oceanos, na atmosfera, na crusta, no magma, circulando naturalmente num grande ciclo biogeoquímico, em duas velocidades distintas, a ritmo geologicamente lento e biologicamente rápido. A variação dos elementos químicos na atmosfera, relaciona-se com a sua dinâmica própria, contudo deve ser considerado, ainda que em diferentes dimensões o impacte das acções antropogénicas. A dinâmica do carbono tem uma longa história precedente, mas não indiferente ao Homem, sendo premente, ainda que numa valência meramente amenizadora, a necessidade de uma consciência cívica e agudez mental do Homem, face à sua existência no planeta, e à própria vida.