A análise dos rios por satélite pode melhorar os avisos de cheias

Os cientistas afirmam que uma nova forma de monitorizar os caudais dos rios a partir de satélites pode constituir um valioso sistema de alerta precoce para o risco de cheias e inundações.

Rios de água corrente
Caudais elevados provocam cheias e, por vezes, inundações.

As cheias podem ser previstas com base em dados sobre a velocidade da água que corre nos rios captados por satélites, utilizando novos métodos desenvolvidos por investigadores da Universidade de Glasgow.

Os caudais dos rios são geralmente medidos com recurso a medidores de caudal, que têm diretamente em conta o volume de água que passa por um determinado ponto do rio em cada segundo. No entanto, os caudalímetros são caros de instalar e manter, e difíceis de colocar em áreas remotas.

Cerca de 30% da população mundial está sob risco de inundações, devido às cheias, mas muitos rios não têm medidores de caudal ou outras medições, o que limita a possibilidade de analisar os riscos potenciais para as populações locais durante as chuvas fortes.

Previsões por satélite

No entanto, os investigadores desenvolveram agora o primeiro método para medir a velocidade dos caudais dos rios através da análise de imagens de vídeo captadas em órbita.

Enquanto os medidores de caudal fornecem medições pormenorizadas do caudal do rio em pontos específicos, os satélites equipados com sensores de vídeo proporcionam uma visão muito mais ampla de grandes áreas de terreno, afirmaram os investigadores. Isto torna-os úteis para monitorizar as alterações geográficas ao longo do tempo e fornecer informações em tempo real sobre a propagação das cheias.

Utilizar imagens de satélite de rios
As imagens de satélite dos rios podem ser utilizadas para medir a velocidade da água.

No entanto, até à data, tem sido impossível utilizar imagens de vídeo por satélite para medir com precisão o caudal dos rios e as cheias.

A técnica, descrita num trabalho de investigação, envolve o rastreio e a análise do movimento das características visíveis da superfície entre fotogramas do vídeo para estimar a velocidade do fluxo de água.

Combinando estas estimativas de caudal com mapas pormenorizados da área inundada, foi possível estimar o caudal com uma diferença de 15% em relação às medições reais efetuadas pelos medidores de caudal no rio durante a inundação.

Descoberta

Christopher Masafu, um estudante de doutoramento da Escola de Ciências Geográficas e da Terra da Universidade de Glasgow e um dos autores do artigo, considerou esta investigação um "avanço emocionante".

"Os satélites podem ser instalados em qualquer parte do mundo de forma relativamente barata e fácil, em comparação com o custo e o esforço de medir fisicamente todos estes rios não monitorizados."

O Professor Richard Williams, coautor do estudo, afirmou: "Os satélites permitem-nos monitorizar os rios em tempo real a partir de um ponto de observação elevado, e a possibilidade de os ver subir e transbordar durante chuvas fortes pode ser muito útil em situações de emergência."

A tecnologia poderia ajudar a fornecer melhores previsões e avisos para ajudar no planeamento no terreno durante situações difíceis, frisou.

Um dos inconvenientes da técnica é que só pode ser utilizada quando não há nuvens, segundo o coautor Dr. Martin Hurst.

"No entanto, é um grande passo para tornar as imagens de satélite numa ferramenta valiosa para medir os caudais dos rios em todo o mundo, para além dos medidores de caudal tradicionais", afirmou. Os investigadores tencionam continuar a desenvolver esta técnica, acrescentou.