17 milhões de insetos migram todos os anos através de uma rota migratória nos Pirenéus
Quantos insetos migram pelos Pirenéus a cada ano? Que espécies são estes viajantes alados e porque é que eles são importantes? Os dados irão surpreendê-lo. Veja aqui.
Entre 2018 e 2021, os investigadores monitorizaram a abundância e variedades de insetos que passam pela passagem fronteiriça dos Pirenéus de Bujaruelo, entre França e Espanha, para avaliar o estado deste fenómeno migratório massivo.
Eles registaram uma média anual de 17,1 milhões de insetos a voarem pela passagem dos Pirenéus. O evento de migração foi associado a fatores ambientais, como pouca chuva, a velocidade do vento, temperaturas mais altas, luz solar e ventos contrários.
Locais e métodos de investigação
Bujaruelo é uma bela passagem montanhosa nos Pirenéus que liga Aragão, em Espanha, e Occitânia, em França. Localiza-se junto ao Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido, e oferece um percurso encantador para os amantes da natureza.
Os investigadores contaram pequenos insetos com uma câmara de vídeo e registaram visualmente borboletas e libélulas enquanto voavam sobre a passagem. Os menores insetos foram capturados com armadilha tipo tenda e inspecionados ao microscópio para identificação do grupo familiar. Outros insetos migratórios foram identificados em nível de espécie.
Foram identificadas 20 famílias de insetos, das quais pertenciam a cinco ordens (grupo taxonómico superior ao grupo familiar). Os grupos e a sua contribuição no número total de insetos migradores foram registados da seguinte forma: Diptera: 89%; himenópteros: 6%; hemípteros: 5%; lepidópteros: 1%; e Odonata, com menos de 1%.
Alguns migrantes que voavam alto incluíam moscas-das-flores, mariposas almirantes vermelhas e moscas azuis. Outros migrantes incluíam mariposas amarelas nubladas e as mariposas brancas do repolho, que põem ovos e deixam os seus pequenos bebés lagartas mastigar repolhos.
Importância ecológica
Segundo o estudo, os polinizadores representam 87,5% de todos os insetos migratórios. Todos os insetos contribuíram para a transferência de nutrientes, sendo 33,6% decompositores, 22,2% predadores e 5% pragas.
Os investigadores acreditam que os insetos migratórios vieram de uma grande área da Europa Ocidental e destacam a surpreendente diversidade entre os milhões de viajantes alados. Os cientistas incentivam mais estudos de longo prazo para ajudar a compreender melhor os obstáculos geográficos às populações de insetos e estabelecer uma monitorização contínua.
Polinizadores como besouros, abelhas, moscas, vespas e borboletas são essenciais para manter a diversidade dos ecossistemas e ajudar a reproduzir inúmeras espécies de plantas, incluindo aquelas que ajudam a colocar o jantar nas nossas mesas.
Precisamos de polinizadores, por isso a monitorização das populações migratórias de insetos polinizadores é um passo importante para gerir com sucesso a sua conservação.
Referência da notícia:
Hawkes, W. L. et al. The most remarkable migrants—systematic analysis of the Western European insect flyway at a Pyrenean mountain pass. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 291, n. 2024, 2024.