Especialistas de Bangor e Oxford vão ajudar a Rolls-Royce a enviar um reator nuclear para a Lua

Porque é que a Rolls-Royce quer enviar um reator nuclear para a Lua? Não são os únicos. Os especialistas de Bangor e Oxford estão a ajudar a Rolls-Royce neste sonho.

companhia de Rolls-Royce.
A Rolls-Royce quer ajudar a colocar um microreactor nuclear na Lua.

De acordo com a Interesting Engineering, a Rolls-Royce (uma empresa britânica tradicionalmente famosa pelos seus automóveis) está à procura de parceiros para ajudar a colocar um microreactor nuclear na Lua.

Isto acontece depois de a Rolls-Royce ter obtido apoio financeiro da Agência Espacial do Reino Unido (ao abrigo do Programa Nacional de Inovação Espacial - NSIP). Os académicos da Universidade de Oxford e da Universidade de Bangor vão colaborar para ajudar a empresa nas suas tecnologias e na conceção do sistema.

A empresa planeia enviar o dispositivo para a Lua no início da década de 2030. De acordo com a Bloomberg, já estão a decorrer conversações entre potenciais parceiros na Europa e nos EUA.

Como é que um micro-reator é único?

Um micro-reator tem um tamanho e uma potência mais pequenos do que um pequeno reator modular (SMR). Um micro-reator pode fornecer até 10 megawatts de potência, o que é significativamente inferior aos 0,5 gigawatts que um SMR pode fornecer. No entanto, um micro-reator é bastante portátil e pode ser deslocado de um local para outro. Esta versatilidade ajuda-o a ser transportável e levado para o espaço.

Um micro-reator nuclear é mais pequeno do que um reator nuclear normal, mas mais potente do que um pequeno reator modular. Além disso, é compacto e fácil de mover.

Diz-se que o micro-reator nuclear da Rolls-Royce tem uma elevada densidade de potência. Isto significa que pode fornecer energia e calor. Utiliza um tipo de combustível mais seguro, em que cada partícula de urânio é revestida por proteção, o que lhe permite suportar condições de stress, como mudanças drásticas de temperatura.

O micro-reator nuclear poderia servir a indústria, mas também ser utilizado para apoiar as forças armadas, fornecendo energia a civis em zonas remotas.

O modelo concetual inicial foi apresentado em 2023 na Conferência Espacial do Reino Unido, em Belfast. Tem apenas cerca de 3 metros de comprimento e levará algum tempo até ser capaz de gerar eletricidade. Serão necessários milhões de dólares para garantir que o faz e que está preparado para voar no espaço.

Porquê enviar um reator nuclear para a Lua?

Uma vez que a luz solar não está disponível no lado sul da Lua, isto representa uma limitação para futuras expedições lunares e atividades de investigação. Algumas partes do pólo sul não vêem a luz do Sol há milhares de milhões de anos. Esta escuridão pode fazer baixar as temperaturas nalgumas crateras sombrias até -200 °C.

A existência de um reator nuclear poderia fornecer energia para a presença humana na Lua. A Rolls-Royce não é a única empresa interessada. Muitas outras empresas estão a correr para realizar este sonho. A empresa X-Energy prevê que “o potencial total da energia de fissão ainda não foi aproveitado para além da Terra”.

Com estes novos desenvolvimentos, talvez a tecnologia de fissão nuclear venha a ser aproveitada para além da Terra, para impulsionar a expansão da humanidade no espaço.

Referência da notícia

Rolls-Royce’s 10-foot lunar nuclear reactor seeks partners for deployment. Abhishek Bhardwaj. Space. Interesting Engineering. March 2025.

Rolls-Royce Seeks Space Partnerships for Lunar Nuclear Ractor. Duffy & Bartlett. Blomberg. March 2025.

Nuclear power on the moon: Rolls-Royce unveils reactor mockup. Tereza Pultarova. Space.com 2023.