Aurora em Neptuno é capturada pela primeira vez pelo telescópio James Webb da NASA

O poderoso telescópio espacial James Webb da NASA conseguiu o registo inédito de uma aurora em Neptuno. O fenómeno no planeta era procurado há muito tempo e finalmente foi registado.

aurora em Neptuno
À esquerda, uma imagem de Neptuno com cores aprimoradas feita pelo Telescópio Hubble; à direita, a mesma imagem mas combinada com dados do Telescópio James Webb. Crédito: NASA, ESA, CSA, STScI, Heidi Hammel (AURA), Henrik Melin (Northumbria University), Leigh Fletcher (University of Leicester), Stefanie Milam (NASA-GSFC).

Um fenómeno previsto há 36 anos no planeta Neptuno finalmente foi registado graças ao poderoso Telescópio Espacial James Webb da agência americana NASA (imagem de capa deste artigo). Trata-se de uma aurora.

E não é só isso... o telescópio conseguiu medir a luminescência do planeta mas acabou por revelar também outra descoberta inédita e surpreendente. Tais descobertas foram divulgadas num artigo publicado recentemente na revista Nature Astronomy. Saiba mais abaixo.

Aurora em Neptuno é fotografada pela primeira vez

As auroras são fenómenos luminosos causados pela interação de partículas eletricamente carregadas com a atmosfera dos planetas. Além da Terra, já foram observadas em Marte, Júpiter, Saturno, Mercúrio, Vénus e Urano. E agora, em Neptuno.

A atividade auroral em Neptuno era prevista há 36 anos, quando surgiram as primeiras evidências. Contudo, ainda não haviam registos que confirmassem o fenómeno. Até agora.

“Encontrar aurora em Neptuno é provavelmente o resultado mais empolgante que já tive” - Henrik Melin, investigador da Universidade de Northumbria e autor principal do estudo.

Segundo Henrik Melin, investigador da Universidade de Northumbria e autor principal do estudo, Neptuno tinha todas as condições necessárias para a ocorrência de auroras, mas a deteção do fenómeno sempre foi um desafio para os telescópios terrestres.

Como é que o James Webb conseguiu capturar a aurora?

O telescópio utilizou o seu instrumento Espectrógrafo de Infravermelho Próximo para medir a temperatura de Neptuno e a distribuição do trihidrogénio catiónico (H3+), um marcador comum de auroras em planetas gasosos (caso de Neptuno).

Ao contrário da Terra, onde as auroras ocorrem nos polos, em Neptuno estas aparecem em locais diferentes, já que o seu campo magnético é muito desalinhado, inclinado 47 graus em relação ao seu eixo de rotação.

“H3+ tem sido significante em todos os gigantes gasosos, e esperávamos ver o mesmo em Neptuno enquanto investigávamos o planeta ao longo dos anos, o que não se provou possível. Somente com uma máquina tão potente como o Webb finalmente permitiu que obtivéssemos esta confirmação”, explicou Heidi Hammel, coautor do estudo, num comunicado.

Nas imagens (início deste artigo), a aurora brilhante aparece como manchas representadas em ciano.

A outra descoberta surpreendente de Webb

Outro dado surpreendente que foi revelado pelo James Webb é uma queda significativa da temperatura na atmosfera superior de Neptuno, o que significa que o planeta está duas vezes mais frio agora do que em 1989, quando a sonda Voyager 2 da NASA o visitou.

Telescópio Espacial James Webb
O Telescópio Espacial James Webb da NASA foi fundamental para capturar a aurora de Neptuno. (Concepção artística do James Webb). Crédito: NASA.

Este arrefecimento dramático sugere que a região pode mudar muito ao longo do tempo, mesmo o planeta estando a cerca de 30 vezes mais distante do Sol em comparação com a Terra.

E novas investigações estão a caminho. Novos estudos sobre Neptuno estão programados para os próximos anos, incluindo uma campanha detalhada em 2026, que monitorizará o planeta ao longo de um mês.

Referências da notícia

NASA’s Webb Captures Neptune’s Auroras For First Time. 26 de março, 2025. Stephen Sabia/NASA.

Discovery of and infrared aurorae at Neptune with JWST. 26 d emarço, 2025. Melin, et al.