Zonas Costeiras em risco: o Bangladesh é um dos países mais ameaçados

As áreas junto ao mar estão cada vez mais ameaçadas pelo avanço das águas que promete afetar a vida de milhões de pessoas no futuro. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Inundação costeira.
O risco de inundação das áreas costeiras é cada vez maior. Esta é uma imagem que vai ser vista de forma mais frequente.

O avanço dos oceanos sobre a linha de costa é um dos problemas mais sérios dessas faixas de terreno, tanto em Portugal como em muitos outros países do mundo. Para além do desafio de milhões de pessoas terem de ser realojadas, há a perda de infraestruturas e de solo arável, que serviria para produzir alimento.

(...) nas últimas décadas, os oceanos subiram em média 3,7 milímetros (mm) por ano. No Bangladesh, estes valores situam-se entre os 4,2 mm e os 5,8 mm, por ano.

Um dos países mais afetados por este problema, a nível mundial, é o Bangladesh. Este país, segundo dados do seu governo, é um dos que está a perder mais terreno para o mar a uma velocidade maior. Se a taxa de recuo da linha de costa continuar a este ritmo, pelo menos um milhão de pessoas terão de procurar outras áreas para viver, no espaço de uma geração.

Novos estudos: que futuro?

O governo do Bangladesh e os cientistas locais desenvolveram alguns estudos nos últimos anos relacionados com a evolução da linha de costa e os impactes das alterações climáticas no território. As conclusões são alarmantes: na costa do Bangladesh, a subida das águas do mar está a ser cerca de 60% mais rápida do que a média mundial.

O Bangladesh é o oitavo país do mundo com mais habitantes, cerca de 150 milhões de habitantes, em 2012. O rápido crescimento populacional do país trouxe um sério problema de superpopulação, principalmente nas áreas junto à costa.

O estudo mais recente indica que os aumentos acima da média que se têm verificado nas costas do Bangladesh foram impulsionados pelo degelo dos polos e pela grande quantidade de água transportada pelos rios que desaguam na Baía de Bengala, a cada época das monções.

De salientar que o ritmo de subida dos oceanos não é igual em todo o planeta e isso depende do campo gravitacional da Terra e das variações de dinâmica de cada oceano. Tendo isto em conta, é importante que o governo bengali tome medidas de adaptação e mitigação que permitam proteger pessoas e bens.

Paredão.
As construções humanas ajudam a proteger vidas e bens, mas são soluções com validade reduzida.

Dados concretos sobre o(s) problema(s)

Para que se tenha uma ideia da dimensão do problema, nas últimas décadas, os oceanos subiram em média 3,7 milímetros (mm) por ano. No Bangladesh, estes valores situam-se entre os 4,2 mm e os 5,8 mm, por ano. Estes valores podem parecer insignificantes, mas na costa baixa que caracteriza aquele país é um perigo imediato para mais de 20 milhões de pessoas.

O Bangladesh é um país com poucas elevações acima do nível do mar e com grandes rios que cruzam o seu território, nomeadamente os rios Ganges, Bramaputra, Meghna e os seus afluentes. As terras de aluvião do Bangladesh são muito férteis, uma vez que são vulneráveis à inundações e à seca.

Em 2007, um pescador abandonou os destroços da sua casa depois da passagem devastadora de um ciclone, tendo-se afastado mais de 500 metros da linha de costa. Passados 17 anos, a casa onde vive já está numa zona muito próxima do mar, separado deste por uma construção de betão, que como se sabe, será sempre uma solução temporária.

A maior parte das áreas costeiras do país está apenas a 1 ou 2 metros acima do nível médio das águas do mar, e as fortes tempestades que afetam aquela região levam água salgada para o interior, contaminando fontes de água potável e matando colheitas em terras que deixam de ser férteis devido à salinidade.

Devido às alterações climáticas, a frequência da passagem de ciclones aumentou e isso fez com que o Bangladesh seja um dos países mais vulneráveis do mundo, de acordo com o Índice Global de Risco Climático. Como também é sobejamente sabido, num país em desenvolvimento, quem acaba por sofrer mais nestas situações são as populações mais desfavorecidas.