Zelândia, o oitavo continente por descobrir
Nas profundidades do Pacífico Sudoeste, o oceano esconde um continente há cerca de 23 milhões de anos. Este continente, Zelândia, é conhecido na comunidade científica como o oitavo continente. Fique a saber tudo sobre esta temática connosco!
Uma expedição coordenada pela Universidade de Queensland, em colaboração com o Schmidt Ocean Institute, com o objetivo do mapear o fundo oceânico, permitiu revelar alguns segredos acerca daquela porção de crosta terrestre. Esta é a primeira vez que os cientistas cartografam com sucesso o fundo oceânico desta vasta área, que tem aproximadamente 5 milhões de km2, ou seja, uma área superior a países como a Índia e a Gronelândia e três vezes superior ao Estado australiano de Queensland.
Da área total deste mega continente cerca de 94% da superfície está submersa e apenas 6% está emersa, correspondendo aos territórios da Nova Zelândia, da Ilha de Norfolk e do Arquipélago da Nova Caledónia. O nome “Zelândia” foi proposto pela primeira vez em 1955, mas gerou alguma controvérsia ao nível da comunidade científica. Apenas em 2017 um grupo de cientistas locais, impulsionados por publicações e estudos de 2014, conseguiu comprovar que aqueles territórios tinham todos os requisitos necessários para serem considerados um continente, algo que foi reforçado na recente expedição.
A origem geológica do continente Zelândia situa-se entre 83 e 79 milhões de anos atrás, quando esta área se separou do mega continente Gondwana, que atualmente englobaria a Antártida e a Austrália, bem como África e a América do Sul. Assim, a Zelândia começou a elevar-se até que pouco a pouco submergiu sob as águas do Oceano Pacífico.
Sendo assim, segundo o Glossário de Geologia, um continente deve ser definido pelo conjunto de quatro critérios: ter elevações significativas face à crosta oceânica; conter vários tipos de rochas, nomeadamente rochas vulcânicas, sedimentares e metamórficas; crosta relativamente espessa cuja velocidade das ondas sísmicas seja muito inferior à crosta oceânica; limites exteriores bem definidos.
O que se descobriu e onde se pode aplicar?
A exploração desenvolvida pelo navio oceanográfico Falkor permitiu recolher dados, tanto topográficos como magnéticos, de forma a compreender melhor a formação da ligação entre a Zelândia e as diferentes placas tectónicas da região, a evolução da complexa estrutura da crosta e o complexo sistema de falhas tectónicas que divide a Zelândia da placa australiana e da placa do Pacífico.
A análise dos dados recolhidos permitiu compreender algumas características climáticas do continente, quando emerso, de que forma a profundidade dos mares mudou ao longo do tempo e o momento preciso em que ficou submerso. Sabe-se que existia uma densa floresta tropical, bem como uma população significativa de dinossauros.
Este trabalho de mapeamento permitiu acrescentar 37 mil km2 de dados ao projeto Seabed 2030. O projeto tem como principal objetivo mapear a totalidade dos fundos oceânicos até ao ano de 2030 disponibilizando esse manancial de informação ao público em geral.
Por enquanto, o continente Zelândia está submerso, situação que pode mudar a longo prazo, devido à história evolutiva da Terra. Afinal, as massas terrestres, as placas tectónicas e outras formas de relevo estão em constante movimento.