Vespa Asiática: o avanço da espécie invasora e as consequências
A vespa asiática começou por se fixar, em 2011, no norte de Portugal, mas atualmente já existe registo da sua presença por todo o país. Esta espécie invasora representa uma ameaça crescente tanto para as abelhas, como para os humanos. Saiba mais aqui!
A Vespa velutina ou vespa asiática é uma espécie que possui todas as características típicas de uma espécie invasora. Nativa de algumas regiões da Ásia, ela foi detetada na Europa, pela primeira vez, em França, em 2004, onde se pensa que tenha sido introduzida acidentalmente, tendo vindo a espalhar-se para outros países próximos (Espanha, Portugal, Bélgica e Itália). Em 2011 foi detetada pela primeira vez em Portugal.
A sua presença tem vindo a aumentar, afetando gravemente setores como a apicultura, setor já afetado por outras ameaças (doenças, pragas ou mesmo as alterações climáticas) e o setor agrícola, pela diminuição da quantidade de insetos polinizadores.
Embora as abelhas do mel sejam os alvos mais óbvios da Vespa velutina, a ameaça a outras espécies de insetos com as crípticas abelhas silvestres é real. Estas espécies de abelhas silvestres são na realidade consideradas polinizadores mais eficientes, em conjunto com algumas famílias de moscas e borboletas.
As recentes operações de limpeza das matas têm contribuído para mostrar a verdadeira dimensão da invasão da Vespa velutina, sobretudo em áreas florestais de eucalipto onde, pelo facto destas árvores possuírem folhagem persistente, é mais difícil a localização e destruição dos ninhos.
No entanto tem sido o impacto na saúde pública que tem dado um lugar de destaque à Vespa velutina, sobretudo devido ao seu comportamento agressivo na proteção dos ninhos. Para os humanos o maior perigo não é causado pela quantidade de veneno numa só vespa, mas sim pela possibilidade de uma vespa se sentir em perigo e atacar com o auxílio das companheiras. Nesse caso, a concentração de veneno pode ser tão elevada que provoca uma reação alérgica que pode ser grave, a ponto de se tornar fatal.
A predominância da vespa velutina é considerada um perigo a nível ecológico, ambiental e socioeconómico, uma vez que para além de abelhas, também se alimenta de outros insetos polinizadores, pondo em risco a biodiversidade, o processo de polinização vegetal e a produção de mel.
A ação dos apicultores
Os apicultores veem-se assim obrigados a montar armadilhas para reduzir o número de ataques e uma das técnicas mais comuns é atrair as vespas para o interior de garrafas, onde acabam por morrer. Estes utilizam fermento, sumo de pera, groselha, cerveja ou vinho branco e deixam fermentar para depois colocar em garrafas, com buracos. Elas são atraídas pelo cheiro, entram e depois não conseguem sair. Com a adaptação da espécie, o apicultor afirma que esta é a técnica que obtém mais resultados.
No entanto todas estas ações têm tido um impacto negativo noutras espécies de vespas nativas, particularmente na Vespa crabro. A Vespa crabro possui um papel ecológico importante, sendo um predador tal como a Vespa velutina, ela possui um papel regulador nas populações das suas presas, frequentemente eliminando indivíduos doentes contribuído para a limitação de algumas doenças nas colmeias. Esta vespa tal como os seus ninhos têm sido frequentemente confundidos com os da Vespa velutina, não se conhecendo o impacto destas ações sobre esta espécie.
O estado atual da invasão e todos os problemas para a saúde pública, agricultura e ecossistemas exigem mais medidas no combate a esta espécie a par das medidas atualmente em vigor, como sejam a destruição dos ninhos referenciados.
Todas estas possibilidades deverão ser consideradas uma vez que a presença da vespa asiática, para além dos subjacentes problemas ecológicos, está a ter um impacto económico catastrófico na apicultura.