Vespa asiática: avanço do inverno dita antecipação de medidas de prevenção e mitigação
A vespa asiática é considerada um perigo a nível ecológico, ambiental, socioeconómico e de saúde pública. A sua deteção e controle são fundamentais para a erradicação, e à medida que o inverno avança, saiba quais as medidas que pode adotar.
![vespa asiática vespa asiática](https://services.meteored.com/img/article/vespa-asiatico-fim-do-inverno-dita-1738994733794_1024.jpg)
A vespa velutina nigrithorax, vulgarmente conhecida por vespa asiática, é uma espécie autóctone da Ásia, proveniente de regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia, do leste da China, da Indochina e do arquipélago da Indonésia. Esta espécie invasora terá chegado involuntariamente ao sudoeste de França num carregamento de cerâmica proveniente de Xangai, em 2004.
Desde então, espalhou-se por toda a França, expandindo-se depois para os países vizinhos, tendo sido recentemente detetada em países como Hungria e Eslováquia. Terá chegado a Espanha em 2010, em Portugal e Bélgica em 2011 e em Itália em finais de 2012.
No nosso país, a suspeita aponta para que estes insetos tenham chegado a território nacional num carregamento de madeira oriundo de França e descarregado no porto de Viana de Castelo.
A vespa asiática é conhecida por ser uma espécie carnívora e predadora das abelhas, e é por isso um problema para a apicultura. Além disso, é uma espécie extremamente territorial e agressiva na defesa do seu ninho, que podem incluir perseguições de até algumas centenas de metros, sendo por isso também um problema para a saúde pública.
Uma espécie invasora com ninhos muito característicos
Esta espécie pode ser confundida, por desconhecimento, com outra espécie de vespa presente no território nacional, a vespa crabro, também conhecida como vespa europeia. Para as distinguir deve tomar atenção à coloração e ao tamanho do inseto.
A vespa asiática é uma vespa de grandes dimensões que pode chegar aos três centímetros e meio. A cabeça é preta com face laranja/amarelada. O corpo é castanho-escuro ou preto, aveludado, delimitado por uma faixa fina amarela e com um único segmento abdominal amarelado-alaranjado na face dorsal.
Esta invasora, preferencialmente, constrói os seus ninhos definitivos, constituídos por fibras de celulose mastigadas, no topo das árvores, altos e isolados. Apresentam uma forma arredondada que pode chegar ao metro de altura e até 80 centímetros de diâmetro. No entanto, a presença dos seus ninhos definitivos é, também, por norma detetada em telhados, paredes, no interior de imóveis com presença humana mais tímida ou mesmo no chão.
![ninho de vespa asiática ninho de vespa asiática](https://services.meteored.com/img/article/vespa-asiatico-fim-do-inverno-dita-1738994920915_1024.jpg)
Cada ninho pode albergar cerca de 2000 vespas e 150 fundadoras, que, no ano seguinte, poderão criar pelo menos seis novos ninhos. As colónias desta espécie são anuais, têm início na primavera e pico de atividade durante o verão.
Durante o inverno as rainhas fundadoras hibernam fora do ninho, principalmente em árvores, rochas ou no solo. Em fevereiro e março, as rainhas que sobreviveram ao inverno abandonam o local de hibernação para fundar a sua própria colónia.
Em seguida, inicia-se a postura e dos ovos fecundados nascem as obreiras, e quando a colónia já está desenvolvida trocam para um segundo ninho construído frequentemente em locais altos, sendo responsáveis pela alimentação das novas larvas, bem como da rainha.
Com a saída das obreiras a trabalho, o crescimento do ninho e da colónia é exponencial. A duração da vida média das obreiras é variável em função das temperaturas e pode ser entre 30 e 55 dias. Já a rainha tem uma longevidade de cerca de um ano.
Uma espécie que representa um perigo a vários níveis
A predominância da vespa velutina é considerada um perigo a nível ecológico, ambiental e socioeconómico, uma vez que para além de abelhas, também se alimenta de outros insetos polinizadores, pondo em risco a biodiversidade, o processo de polinização vegetal e a produção de mel.
Para que tenhamos noção, a vespa Velutina provocou uma redução de 100 mil colmeias e uma quebra de produção de mel na ordem dos 25%.
Para os humanos o perigo maior está na concentração de veneno que possa receber. A vespa asiática, quando sente o seu ninho atacado, pode atacar em grupo, e dada a quantidade de picadas, o veneno inoculado pode ser tão elevada que provoca uma reação alérgica que pode ser grave, a ponto de se tornar fatal.
Deteção e controle são fundamentais
A vespa asiática veio para ficar e as alterações climáticas estão e vão continuar a alargar as áreas onde a espécie está presente, bem como o seu tempo útil de vida. Os invernos cada vez menos rigorosos permitem que muitos ninhos mantenham a sua atividade durante mais tempo do que o expectável.
Apesar de tudo, a boa notícia é que esta espécie pode ser controlada com relativa facilidade, através de armadilhas com objetos que todos temos em casa. Apesar da esperança na sua erradicação ser, para já, quase nula, o seu controle é fundamental.
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A captura das rainhas constitui-se como o melhor método para limitar o impacto desta espécie predadora sobre as abelhas e outros insetos, bem como para evitar riscos para a saúde pública. E esta é a melhor altura para se preparar!
O inverno vai caminhando para o fim, pouco rigoroso, e permitindo que algumas vespas saiam mais cedo dos locais de hibernação, por isso, pode adotar já algumas estratégias que retenham as primeiras vespas e evitem que estas consigam criar ninho e gerar mais e mais vespas.
Com uma simples garrafa de água, de plástico, de 1,5 litros, pode construir-se uma armadilha que atrai de forma fatal a vespa. É preciso fazer um ou dois pequenos buracos, por onde possa entrar a vespa, tendo cuidado com as cores à volta dessa entrada.
Depois de entrarem, as vespas já não conseguem sair. Não basta, porém, colocar a garrafa em locais estratégicos, como as imediações dos apiários. É preciso que contenha algo que atraia a espécie, mas não as abelhas.
A receita é simples, basta misturar um quilograma de açúcar com dois litros de água, e juntar 70 gramas de fermento de padeiro fresco. O segredo para que as abelhas não caiam também na armadilha é deixar fermentar a mistura durante dois dias e só depois colocar as armadilhas. Uma vez fermentada a mistura, as abelhas não são atraídas, mas as vespas sim.
A deteção desta espécie é muito importante e deve ser comunicada através da plataforma STOPVespa. Cada observação é importante para monitorizar a expansão desta espécie, contribuindo para uma mais rápida localização e desativação dos ninhos, pelo que o papel de cidadão ativo é fundamental.
Também se pode informar junto da sua Junta de Freguesia ou Câmara Municipal acerca de eventuais ações de sensibilização e informação pública que possam vir a ser dinamizadas, para que melhor possa identificar esta e outras espécies invasoras e saber como pode adotar uma atitude preventiva.