Vem aí uma grande “tempestade” de meteoros: será visível de Portugal?
A chuva de meteoros Tau Herculídeas vai atingir o seu máximo na próxima terça-feira (31), como produto da fragmentação do cometa SW3. O espetáculo noturno poderá proporcionar-nos com até 1400 estrelas cadentes por hora. Será visível de Portugal esta “tempestade” de meteoros?
Uma chuva de meteoros ou "estrelas cadentes" é um evento muito comum no céu noturno. Todos os anos há cerca de uma dúzia que mostra bastante atividade, desde as Gemínidas em dezembro até às famosas Perseidas em agosto. Durante o pico de atividade, podem surgir até 100 meteoros por hora.
Há também outras chuvas que têm uma atividade que poderia ser definida como não muito significativa. Na próxima terça-feira, 31 de maio, por exemplo, ocorrerá o pico da Tau Herculídeas, uma chuva de meteoros que costuma ser pouco intensa, e que exibe, no máximo, cerca de 50 estrelas cadentes por hora. Mas, neste ano de 2022, a atividade poderá ser extraordinária. Apesar disso, há que realçar que as previsões da sua intensidade continuam bastante imprecisas.
O nome desta chuva de estrelas deriva do facto da área do céu da qual parecem emergir se situar na constelação de Hércules. Tanto quanto se sabe, as Tau Herculídeas são o produto de uma nuvem de detritos deixada pela fragmentação do cometa 73P/Schwassman-Wachmann 3 (SW3), e foram descobertas em 1930, juntamente com o próprio cometa que as originou, por Arnold Schwassmann e por Arturo Arno Wachmann.
O cometa esteve inativo até que, desde que passou perto do Sol em 1995, fez os astrónomos perceber que se tinha fragmentado em vários pedaços, preenchendo o próprio rasto orbital do Sistema Solar (onde está desde então), com detritos. Assim, é possível que na noite de 30-31 de maio circule pela órbita da Terra, originando uma autêntica “tempestade” de meteoros.
A incerteza quanto à observação daquele que poderá ser um dos maiores espetáculos astronómicos
Tal como já foi referido, neste momento, ainda é incerta a possibilidade de observar um dos maiores espetáculos astronómicos que podem ser contemplados. Segundo prevê Jérémie Vaubaillon, astrónomo do Observatório de Paris, o seu modelo matemático indica que este evento é provável de acontecer, apesar de não estar 100% garantido. Para o descobrirmos, teremos de sair à rua nessa noite e observar o céu. As estimativas mais otimistas indicam a possibilidade de se observar entre 140 até 1400 meteoros por hora.
De acordo com Borja Tosar, astrofísico freelancer, "Uma tempestade de meteoros é um fenómeno muito mais ativo do que as típicas chuvas de estrelas cadentes que vemos todos os anos.” A última vez que tal ocorreu foi com as Dracónidas em 1933, quando 1.000 estrelas cadentes caíram por hora. Trata-se de um espetáculo raríssimo e que poderá ocorrer, 89 anos mais tarde, nas primeiras horas da manhã de terça-feira.
Será visível de Portugal?
Quanto à área de visibilidade, uma grande parte dos Estados Unidos, do centro-sul e leste do Canadá, México, América Central e do Sul e uma pequena parte da África Ocidental serão as regiões do mundo melhor posicionadas para assistir a este evento. Infelizmente, para o extremo oeste e norte da América do Norte, bem como para o resto do globo, incluindo o nosso país, o céu poderá estar demasiado brilhante, banhado pela luz solar ou longe de qualquer meteorito que chegue, impedindo a visualização de qualquer possível exibição.
Apesar disso, desde Portugal continental, ainda existe uma pequena chance de poder usufruir do potencial raro fenómeno. Segundo os especialistas, o melhor momento para o observar será a partir das 4:00 da manhã até ao amanhecer, olhando para oeste, em direção à constelação de Hércules. Para tal, recomenda-se o afastamento de áreas urbanas e com poluição luminosa. Já desde os Açores e da Madeira, a probabilidade de observação será ligeiramente maior. Mesmo que o evento não ocorra, valerá a pena levantar-se apenas para se deliciar com o alinhamento de Vénus, Marte, Júpiter e Saturno.