Vai ser possível fornecer gás às casas portuguesas através do estrume de vacas
Num projeto pioneiro em Portugal, vão ser utilizadas 2 600 vacas de Vila do Conde para a produção de gás natural. Fique a saber mais aqui!
De acordo com uma notícia avançada pelo JN, vão ser instaladas numa exploração em Guilhabreu, Vila do Conde, dois biodigestores para a fermentação de resíduos agropecuários, com o objetivo de libertarem gás que, uma vez limpo de impurezas é transformado em biometano.
Este será o primeiro projeto em Portugal e conta com a parceria entre a Axpo, a Goldenergy e José Luís Teixeira, produtor de leite vila-condense, contando começar a injetar gás na rede no último trimestre de 2025.
Contudo, o mais surpreendente é que para a produção do biometano vai ser utilizado o estrume de 2.600 vacas que, numa primeira fase, para além de alimentar cerca de 3 mil casas, contribuirá para a diminuição da pegada de carbono.
Apesar de não ser este o objetivo, este projeto também trará vantagens aos concelhos vizinhos, pois deixarão de sentir o cheiro nauseabundo no ar quando os campos forem adubados.
Afirma José Teixeira ao JN.
Cada vaca, dependendo da sua alimentação e do seu tamanho, pode produzir cerca de 1.200 gases por dia, sendo que 300 litros é metano.
Este gás é considerado o segundo gás com efeito de estufa mais abundante na atmosfera gerado pelo Homem, logo após o dióxido de carbono. Em Portugal, segundo os ambientalistas, 43% do metano emitido provém da agropecuária, e são as vacas quem mais o emite.
Vacas do leite fazem história em Vila do Conde
A exploração agrícola Teixeira do Batel Lda é o maior produtor de leite da marca internacionalmente conhecida AGROS.
José Teixeira herdou a exploração do pai com cerca de 6 vacas. Levava o leite ao posto de bicicleta, depois com trator e, bastante tempo depois é que instalou uma sala de refrigeração, e tirava na época, 100 litros por dia.
Conta o produtor numa entrevista da revista AGROS nº24.
Atualmente existem 1 050 animais em produção e a recolha de leite é diária, 37 mil litros/dia, 1 100 litros/mês.
A ordenha é assegurada através de oito robôs a 450 animais, os outros 600 vão duas vezes por dia à sala de ordenha, onde parte do trabalho ainda é feito de forma tradicional.
O investimento na produção de biometano
A empresa suíça Axpo tem já uma unidade de produção de biometano em funcionamento em Espanha, na quinta Torre Santamaria, no entanto pretendia expandir o negócio.
Porém, para que o investimento de 8 milhões de euros fosse rentável, a exploração teria que receber resíduos, no mínimo de duas mil vacas e foi assim que, José do Batel se tornou no parceiro ideal.
Para além do número de gado a exploração de José tem ainda a localização a seu favor, uma vez que se encontra em proximidade com o gasoduto, facilitando a injeção do biometano diretamente na rede.
A Axpo conta produzir 15 gigawatts/hora por ano, mas ao alargar este projeto a outros produtores de leite da região pretende alcançar, até 2030, uma produção total de um terawatt-hora na Península Ibérica.