Uma viagem ao passado: descubra esta aldeia escondida no Norte de Portugal
No Parque Nacional da Peneda-Gerês há uma aldeia perdida nas montanhas. Entre tradições únicas, castelos, cascatas e sabores autênticos, aqui o tempo passa devagar.
À procura de um bom destino para passar este Dia de São Martinho (11 de novembro)? Hoje trazemos-lhe uma sugestão que não lhe deve ser desconhecida, pelo menos, o nome em si. Já ouviu falar de Castro Laboreiro? Não se preocupe, não estamos a falar da raça de cães, mas sim da aldeia em Melgaço com o mesmo nome.
No alto das montanhas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, escondida como um verdadeiro tesouro, está a aldeia de Castro Laboreiro. Este é mais um daqueles lugares em Portugal que parecem sair de um conto de fadas: um pequeno refúgio onde o tempo passa devagar e onde cada pedra e cada esquina contam uma história.
Sim, este é também o lar do Cão de Castro Laboreiro, uma das raças portuguesas mais antigas e, sem dúvida, uma das mais corajosas. Originalmente, esta raça autóctone protegia os rebanhos das ameaças da montanha, como lobos e outros predadores. Hoje, o cão continua a ser um verdadeiro símbolo da aldeia e uma figura de orgulho para os habitantes.
“Pela sua posição junto à fronteira com Espanha, em território elevado de clima muitas vezes agreste, Castro Laboreiro era estimada como barreira defensiva e o povo, resiliente, bem merecia esse cuidado”, pode ler-se no site das ‘Aldeias de Portugal’.
Uma aldeia com duas casas
Uma curiosidade bem típica desta aldeia são as suas “inverneiras” e “agraças". Confuso? Pois bem, imagine uma aldeia com duas moradas.
Durante o inverno rigoroso, os habitantes descem para as inverneiras, onde o clima é mais ameno. Quando chega o verão e o calor, sobem para as agraças, nas áreas mais altas da montanha. Este costume ancestral é quase único em Portugal e mostra bem como o povo de Castro Laboreiro aprendeu a adaptar-se ao meio.
“Os invernos sempre aí foram tão frios que o território até desenvolveu um conceito de habitabilidade próprio, exclusivo desta região do país: por mais pobres que fossem, todas as famílias possuíam duas casas — a branda, nas zonas mais altas, para as estações quentes do ano, quando a altitude é suportável e os pastos elevados também são fartos e suculentos; e a inverneira, a uma cota mais baixa, que era onde melhor se resistia aos rigores da temporada fria.”
Sim, é verdade que aqui os invernos são rigorosos e chuvosos, mas qualquer época do ano é boa para visitar esta aldeia. Quem sabe se não terá a sorte de ver os montes vestidos com um manto branco de neve? “Nem lhe passa pela cabeça o que está a perder”, garantem os autores do blogue ‘VagaMundos’.
Se optar por visitá-la no verão, poderá aproveitar para dar uns mergulhos bem fresquinhos na água do rio.
Não pense, porém, que só de serra e pastorícia se faz Castro Laboreiro. Uma visita à aldeia tem de incluir, aliás, uma ida ao castelo, que desde 1944, está classificado como Monumento Nacional.
O que fazer em Castro Laboreiro?
Se gosta de ruínas e de castelos misteriosos, então o Castelo de Castro Laboreiro é visita obrigatória. Construído no século XII, o castelo, agora em ruínas, oferece uma vista de tirar o fôlego. Além disso, todo o cenário parece desafiar o tempo e as intempéries.
Aliás, não há como não sentir a presença da história ao explorar os caminhos de pedra e as encostas íngremes da aldeia. Pelo caminho, encontrará também as pontes romanas — como a Ponte de Varziela — que já resistiram a séculos de travessias e continuam firmes. Estas pontes de pedras são pequenas joias que acrescentam ainda mais charme à paisagem.
“No Núcleo Museológico, poderá saber mais sobre o Traje Laboreiro, uma vestimenta tradicional utilizada nos trabalhos do campo e sobre os garruços e farrangalheiros, personagens que animam as ruas durante o Entroido, o nome por que é conhecido o Carnaval”, escreve a revista ‘Versa’.
E, para os mais aventureiros, há trilhos e paisagens que são um verdadeiro paraíso para caminhadas e fotografia. Os percursos de montanha levam-nos por vales, ribeiros e cascatas escondidas, como a Cascata do Laboreiro, onde a água cristalina convida a um mergulho nos dias mais quentes de verão.
E, claro, que não se pode falar de Castro Laboreiro sem mencionar a sua gastronomia, que é, tal como a aldeia, autêntica e robusta.
Uma mesa portuguesa, com certeza
“Terra de sabores intensos e pratos bem servidos, Castro Laboreiro vive-se também na gastronomia, confecionada por mãos hábeis com base em receitas apuradas ao longo de décadas”, nota o site ‘Aldeias de Portugal’.
Entre as especialidades, destaca-se o cabrito do monte assado, os queijos e enchidos tradicionais, o típico bife de presunto, e, para adoçar, o bolo da fogueira, um doce tradicional cozido em fornos a lenha, com um sabor que não encontra em mais lugar nenhum. As roscas de Melgaço e do bucho doce com um recheio de pão migado com ovos são outras opções açucaradas seguras.
Por tudo isso é que se diz que Castro Laboreiro não é apenas uma aldeia. É, sim, um testemunho vivo de um modo de vida que tem resistido ao tempo.
Para quem deseja escapar da correria e viver uma experiência genuína, este é o lugar ideal. Mais do que visitar, aqui pode-se viver a essência do norte de Portugal, onde a natureza e as tradições se encontram e criam um encanto que dificilmente se esquece. Venha descobrir Castro Laboreiro — um pedaço do passado português que continua bem vivo no presente.