“Uma noite no Museu” passa de ficção a realidade: as crianças vão poder dormir na Central Tejo

Quem quer dormir na fábrica que iluminou Lisboa? Toda a gente, apostamos. Mas o programa que oferece várias atividades noturnas ligadas à ciência é só para os mais novos — e acontece apenas numa data.

Central Tejo
Um programa diferente. Foto: Nuno Moreira

A iniciativa “Uma Noite no Museu” está de volta à Central Tejo, em Lisboa, com um convite exclusivo para os mais novos. Na noite de 27 para 28 de setembro, as crianças, entre os 6 e os 13 anos, poderão dormir antiga fábrica de eletricidade, que deu luz à cidade durante vários anos.

É verdade! As portas do Museu da Eletricidade reabrem-se para um evento noturno, que inclui desde uma visita guiada aos locais mais recônditos do icónico edifício até um peddy paper.

A atividade arranca às 19 horas e termina às 9 horas do dia seguinte. Pensado para um mínimo de dez e um máximo de 25 crianças, o programa lúdico-pedagógico tem um custo de 85€ por participante. Este valor inclui três refeições (jantar, ceia e pequeno-almoço) e colchões finos para cada um. As inscrições podem ser feitas online, na bilheteira do MAAT.

Para que tenham o máximo de conforto, os responsáveis pelo projeto pedem que cada miúdo leve consigo um saco-cama e almofada (o museu disponibiliza colchões finos), produtos de higiene pessoal, roupa confortável (quer para as atividades, quer para passar a noite) e, claro, muita curiosidade.

Um programa especial

E porque é que esta é uma oportunidade única e diferente para oferecer ao seu filho, sobrinho, primo ou vizinho? Dormir no Museu da Eletricidade, na Central Tejo, é como passar a noite no coração da história de Lisboa, mas com um toque elétrico de magia. Imagine só: enquanto a cidade adormecem, as crianças estão cercadas por turbinas gigantes e máquinas que, há décadas, abasteciam a capital de energia.

É como estar dentro de um filme retrofuturista, onde o passado industrial encontra o encanto contemporâneo.

Acredite: o lugar, que já foi a central elétrica mais importante de Lisboa, transforma-se à noite num cenário quase teatral, com sombras a dançar nas paredes de tijolo vermelho e a luz suave a refletir nos equipamentos de época. Ali, entre caldeiras e condutores de outro século, dá mesmo para sentir uma energia diferente no ar (literalmente).

Central Tejo
Imperdível. Foto: Nuno Moreira/MAAT

Além de todo o visual deslumbrante, dormir na Central Tejo é uma experiência única de reconexão com o progresso e a tecnologia. É como estar dentro de uma máquina do tempo, mas com a liberdade de sonhar com o futuro. Cada ruído e cada espaço ali carrega histórias de inovação, trabalho árduo e o desenvolvimento da cidade. É também uma forma divertida de ver um lado de Lisboa que poucos experimentam.

E claro, dormir num museu tem aquele fascínio especial de saber que se está num lugar único, cheio de história e curiosidade. Afinal, não é todos os dias que se tem a oportunidade de adormecer ao lado de uma caldeira que um dia gerou energia para milhares de pessoas. Será mesmo uma noite diferente e especial para os miúdos.

A história da Central Tejo

A Central Tejo foi propriedade das Companhias Reunidas de Gás e Electricidade e abasteceu toda a cidade e região de Lisboa entre 1909 e 1972, tendo fechado oficialmente apenas em 1975. Mais tarde, em 1986, foi classificada como Imóvel de Interesse Público.

Quatro anos depois do encerramento e nacionalização das companhias elétricas, voltou a abrir, desta vez para fins culturais, como Museu da Eletricidade. É a sua história que será contada às crianças que aceitarem o desafio de lá passar uma noite.

Uma história de super-heróis

Imagine o cenário onde a Central Tejo é uma espécie de super-heroína do passado de Lisboa. Sabe aquela personagem que começou pequena, mas que foi crescendo e virou uma lenda? Pois é, esta é a história da Central Tejo, que nasceu no início do século XX e que, por décadas, foi a principal responsável por manter a capital de Portugal acesa e a funcionar.

Central Tejo
Uma história com mais de um século. Foto: Visit Portugal

Tudo começou em 1909, quando uma pequena central foi instalada nas margens do Rio Tejo, bem na zona industrial da cidade. Naquela época, a eletricidade ainda era meio novidade, e a cidade dependia muito da energia gerada a vapor. E é aqui que a coisa fica boa: a Central Tejo era uma usina termoelétrica movida a carvão.

Então, o carvão era queimado nas caldeiras gigantescas para aquecer água e transformar tudo em vapor, que, por sua vez, fazia as turbinas girarem para gerar eletricidade. Parece quase uma cena de filme steampunk, não é?

Com o passar dos anos, a Central foi crescendo, ficando cada vez mais "robusta". Nos anos 1920, já era uma senhora usina, que monopolizava praticamente a produção de eletricidade para a cidade inteira.

Só que, como todos os heróis, a Central Tejo também teve os seus desafios. Nos anos 50, outras formas de gerar eletricidade, como as hidrelétricas, começaram a tornar-se populares. Aos poucos, a Central Tejo foi sendo desmobilizada, até ser desativada definitivamente nos anos 70.

Mas a história não acaba aí. Como toda a lenda que se preze, a Central Tejo reinventou-se e, em vez de cair no esquecimento, virou o incrível Museu da Eletricidade. Hoje, ela é uma verdadeira viagem no tempo, onde pode caminhar entre as antigas caldeiras, ver as turbinas e entender como era a vida quando a eletricidade começava a transformar o mundo.

E o melhor de tudo? A Central ainda está lá, firme e forte, como um monumento industrial, uma homenagem ao poder do engenho humano, e, claro, à energia que moveu Lisboa por tantos anos.