Um estudo preocupante: a letalidade das ondas de calor está a aumentar

Por todo o mundo as ondas de calor reclamam mais vidas do que qualquer outra situação meteorológica de risco extremo. É considerado um dos desastres mais letais da mãe natureza.

Onda de Calor
É bastante provável, 90% a 100% de probabilidade, que as ondas de calor aumentem em duração, frequência e intensidade na maioria das áreas da Terra.

As temperaturas em locais como a Arábia Saudita ultrapassam rotineiramente os 40 ºC com poucos efeitos negativos para a população, mas quando a Rússia foi sujeita à mesma temperatura, estima-se que tenham morrido cerca de 56 mil pessoas, em 2010.

Uma onda de calor acontece quando uma alta pressão se fortalece e permanece sobre uma região durante vários dias ou semanas. Sobre pressão elevada, o ar afunda-se para a superfície e o solo fica quente e seco. Este ar mais seco, ao afundar-se cria um efeito de cúpula, prendendo a humidade elevada e o ar quente por baixo, o que leva ao aumento progressivo da temperatura à superfície.

Quando a Europa passou por temperaturas escaldantes entre julho e agosto de 2003 estima-se que tenham morrido 70 mil pessoas. Já na onda de calor de 2010, na Rússia, as temperaturas ultrapassaram os 40 ºC. O calor sem precedentes provocou a morte de cerca de 56 mil pessoas. Mas quando a Europa sofreu outra onda de calor em 2018, obrigou-nos a perguntar se estas temperaturas extremas são algo a que nos teremos que habituar.

Aquecimento Global
Devido ao aquecimento global as ondas de calor bateram recordes e aumentaram nas últimas cinco décadas.

Um estudo que preocupa

Num estudo publicado pela revista Nature Climate Change, que engloba dados de 732 locais de 43 países entre 1991 e 2018, verificou-se que, em média, 37% das mortes relacionadas com o calor já podem ser atribuídas a alterações climáticas antropogénicas. A percentagem mais alta foi na América Central e do Sul (76%) e no Sudeste Asiático (entre 48 e 61%).

Em Portugal, neste mesmo período, cerca de 27% das mortes estão relacionadas com o calor, o que corresponde a 172 mortes por ano, segundo Ana Vicedo, cientista na Universidade de Berna, na Suíça.

Segundo Joanna Haigh, professora de Física Atmosférica no Imperial College em Londres, não há uma definição de onda de calor, depende do país e de onde se está, mas segundo a Organização Meteorológica Mundial, uma onda de calor é quando a temperatura máxima diária é 5 ºC mais elevada do que a temperatura máxima local normal, durante cinco dias.

Podemos não ver só a temperatura, mas também a humidade. O stress do calor afeta o corpo humano, sendo que definir a onda de calor depende de quem está em perigo ou onde está a vulnerabilidade.

Um dos maiores perigos das ondas de calor é afetar a saúde humana. Ninguém está imune aos efeitos de uma onda de calor, mas são os mais vulneráveis que sofrem as maiores consequências, podem ser os idosos ou os jovens, os obesos ou com excesso de peso, ou aqueles que já se encontram doentes.

Pode também aumentar o risco de morrer de condições pré-existentes, com problemas respiratórios e cardíacos. Contudo, há sinais que avisam quando o corpo não está a conseguir lidar com o excesso de calor: pode ter cãibras, com o esforço extra. Não são particularmente perigosas, mas pode ser o primeiro sinal de que está a ter problemas com o calor.

As alterações climáticas não terão impactos devastadores só no futuro, já estamos a viver as terríveis consequências das atividades humanas no nosso planeta. É provável que apareçam mais ondas de calor que batam recordes, caso persistam estes aumentos assustadores de temperatura a que não é possível escapar. Causam perdas devastadoras de vidas, mas aconteça o que acontecer uma coisa é certa, a onda de calor é uma das catástrofes mais furtivas e mortíferas da Mãe Natureza.