Um dia de trabalho mais curto poderá melhorar o seu bem-estar? Eis o que dizem os cientistas
A legislação laboral tem sido alvo de várias discussões a nível europeu e possíveis mudanças podem estar a caminho. Fique a saber mais sobre este tema, connosco!
Segundo um novo estudo, a relação entre o número de horas de trabalho e nível de saúde não é assim tão clara. Apesar de existir uma crença generalizada de que quanto mais horas se trabalha, mais prejudicial se torna para a saúde, a revisão da literatura feita por especialistas da Universidade do Colorado indicia que não há uma relação clara e direta entre estes dois parâmetros.
Numa altura em que são equacionadas mudanças na legislação, tanto a nível nacional como a nível europeu, relativas à quantidade de horas semanais de trabalho, é importante saber-se o que é do senso comum e o que pode ser comprovado pela ciência e com base na análise dos mais variados estudos.
Legislação laboral e os direitos em aquisição
As discussões sobre os direitos dos trabalhadores têm ganho cada vez mais importância nas últimas décadas. O acesso aos cuidados de saúde, o direito a férias, a subsídios pelas mesmas e o subsídio de Natal são direitos que foram adquiridos ao longo dos anos, a muito custo. A mais recente tendência aponta para uma redução das horas semanais de trabalho sendo a principal justificação a saúde dos trabalhadores.
A semana de 4 dias, e a redução de 40 para 35 horas semanais de trabalho são estratégias cada vez mais utilizadas, de forma a melhorar a saúde física e mental dos trabalhadores sem que se verifique perda de rendimentos. Na maior parte dos trabalhadores, o excesso de horas de trabalho em conjugação com falta de descanso podem afetar negativamente a sua saúde física e mental.
É assim essencial procurar um equilíbrio entre a vida laboral e a vida privada, promovendo uma divisão do dia em 3 partes: 8 horas de sono, 8 horas de trabalho e 8 horas de lazer. Mas será que a ciência atesta isto? Estará o estado a generalizar na legislação sem atentar a casos particulares?
A ciência pode ajudar
Dizem-nos os cientistas que a conciliação do tempo de trabalho com o tempo em família ou lazer, bem como o bem-estar pessoal pode ser potenciado se a redução do número de horas de trabalho diário e mesmo do horário semanal for aplicada em algumas categorias profissionais, sempre tendo em conta necessidades concretas. Certos trabalhadores preferem a jornada contínua, outros não se importam de fasear o dia de trabalho.
Mesmo os apologistas da semana de trabalho de 35 horas sabem que em muitos casos, o volume de trabalho é o mesmo, tendo de ser executado num período mais curto de tempo. Esta discussão ganha uma importância redobrada quando se aplica a trabalhadores digitais ou àqueles que estão em teletrabalho.
Para estes, há uma dificuldade real na distinção entre tempo de trabalho e tempo de descanso, ou seja, é difícil verificar se a redução de tempo de trabalho diário e semanal acontece mesmo. Assim, a ciência indica que se deve apostar no incremento da produtividade, associado a jornadas de trabalho mais curtas, apostando numa quebra clara quando acaba o dia de trabalho. Só desta forma está salvaguardada a saúde física e mental dos trabalhadores!
Uma reflexão final: a comunidade científica não se devia limitar a estudar as consequências da diminuição das horas de trabalho, mas fazer parte do estudo para a sua avaliação inicial e posterior aplicação.
Referência da notícia
Ganster, D.C., Rosen, C.C. & Fisher, G.G. Long Working Hours and Well-being: What We Know, What We Do Not Know, and What We Need to Know. J Bus Psychol 33, 25–39 (2018).