Transição para sistemas alimentares sustentáveis. Politécnico de Viseu acolhe X Congresso Internacional de Agroecologia

O evento acontece de 2 a 6 de setembro e recebe especialistas de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Espanha, Portugal e Chile. Tem como objetivo promover a troca de conhecimentos, fortalecer as redes de colaboração e contribuir para a configuração de estratégias agroecológicas sólidas em todo o mundo.

agroecologia
O X Congresso Internacional de Agroecologia vai debater as estratégias agroecológicas enquanto respostas integrais (tecnológicas, socioeconómicas e ambientais) para um sistema alimentar resiliente.

Contribuir para a produção, consolidação e partilha de conhecimentos e experiências agroecológicas, a promoção da transição para sistemas alimentares sustentáveis através do debate e o consenso sobre os elementos comuns entre as agroecologias do mundo é o grande mote do X Congresso Internacional de Agroecologia. Vai ter lugar no Instituto Politécnico de Viseu de 2 a 6 de setembro.

Dezenas de especialistas de vários países prometem debater as estratégias agroecológicas enquanto respostas integrais (tecnológicas, socioeconómicas e ambientais) para um sistema alimentar resiliente, com capacidade de resposta aos reptos das mudanças climáticas, da pobreza e da polarização socioeconómica. Em suma, dar visibilidade às agroecologias desde o Sul ao Norte global.

Os temas em análise estão já identificados. Entre eles, vão ser analisadas as práticas agroecológicas nas dinâmicas dos agroecossistemas multiterritoriais (construção, restauração, conservação); as políticas públicas agroecológicas no mundo: consonâncias e dissonâncias; as novas relações sociais equitativas e identitárias (de género, étnicas, geracionais, culturais); a mudança climática e a pobreza económica e estratégias de sobrevivência; o isolamento geográfico e a globalidade alimentar; e, ainda, os movimentos sociais da agroecologia e da emancipação coletiva (mecanismos de governança).

O evento promoverá ainda a troca de conhecimentos, fortalecerá as redes de colaboração e contribuirá para a configuração de estratégias agroecológicas sólidas em todo o mundo.

Valorizar a agricultura familiar

O reconhecimento da necessidade de valorizar os agricultores familiares e os múltiplos papéis que estes desempenham na sociedade e de desenvolver políticas económicas, ambientais e sociais para o seu fortalecimento, levou a Organização das Nações Unidas a declarar 2014 como a Ano Internacional da Agricultura Familiar. E declarou igualmente os anos de 2019-2028 como a Década da Agricultura Familiar.

A par da relevância que têm dado à Agricultura Familiar, as Nações Unidas têm promovido, justamente, a agroecologia, enquanto abordagem integrada e holística ao sistema agrícola e alimentar, que reforça a conetividade entre o ambiente e a sociedade.

Esta visão da ONU preocupa-se com a otimização das interações entre as plantas, animais, seres humanos e ambiente, sem descurar a equidade social dos sistemas agroalimentares. Com isso contribuindo também para que os cidadãos tenham uma maior intervenção na forma e local de produção dos alimentos que consomem.

Centro de Competências para a Agricultura Familiar

Portugal reconheceu, formalmente, em dezembro de 2021, o CeCAFA - Centro de Competências para a Agricultura Familiar e Agroecologia, tendo como base os compromissos assumidos internacionalmente, nomeadamente quanto aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e o Acordo de Paris.

Nessa linha, a Comissão Europeia já tinha apresentado o Pacto Ecológico Europeu, em dezembro de 2019, que integra duas estratégias principais: a Estratégia do Prado ao Prato e a Estratégia de Biodiversidade, com influência no setor agroalimentar.

agricultura familiar
Portugal reconheceu, formalmente, em dezembro de 2021, o CeCAFA - Centro de Competências para a Agricultura Familiar e Agroecologia.


Neste contexto, o Governo português apresentou, em setembro de 2020, a Agenda de Inovação para a Agricultura 2020-2030, com vista a “uma Agricultura ainda mais sustentável, competitiva e inovadora, baseada no conhecimento”. Um modelo que ajuda à preservação e restauro da biodiversidade e dos ecossistemas, ao mesmo tempo que fornece alimentos tradicionais e nutritivos que contribuem para dietas equilibradas e preservam o património cultural nas áreas rurais.

É neste quadro que, em Portugal, foi criado o Centro de Competências para a Agricultura Familiar e Agroecologia - CeCAFA, constituído por entidades da Administração, de ensino e investigação, por organizações de agricultores/as e outras entidades que, reconhecidamente, estejam implicadas no tema da agricultura familiar.

O X Congresso Internacional de Agroecologia promete olhar transversalmente para estes temas e debater também as novas relações sociais equitativas e identitárias, como a questão de género, etnia, geração e cultura, buscando uma visão inclusiva e abrangente da agroecologia.