Torrefatores firmam acordo para a recolha e reciclagem das cápsulas do café
O mercado do café em Portugal cresceu 8,2% em 2023, vale 660 milhões de euros de faturação e a venda do produto em cápsulas não para de aumentar. A indústria de torrefação criou a RECAPS, uma iniciativa inédita das principais marcas para a recolha e reciclagem das cápsulas dos clientes.
As vantagens de consumir café em cápsulas são inegáveis: comodidade, rapidez, sabor, facilidade de compra em praticamente todos os supermercados e lojas especializadas e, ainda, a crescente compatibilidade com diferentes máquinas.
O problema está no preço, mas, principalmente, nos custos ambientais.
As cápsulas contêm plástico e alumínio. Não são consideradas embalagens e o mais frequente é terminarem a sua vida útil no caixote do lixo sem qualquer tipo de triagem. Acabam, portanto, por ser encaminhadas para as incineradoras e os aterros sanitários.
Os industriais de torrefação de café a operar em Portugal estão cientes deste problema, mas também estão atentos ao potencial de mercado que este formato de consumo de café representa em todo o mundo - o mercado global das cápsulas de café deverá ascender aos 9,31 mil milhões de euros até 2032. Por isso, seis empresas associadas da AICC - Associação Industrial e Comercial do Café puseram mãos à obra.
A UCC está em Portugal há mais de cinco anos. Em Portugal e Espanha, onde possui duas fábricas, produz, entre outras, a marca própria de café para os supermercados Mercadona. No retalho, opera com a marca Templo Cafés.
RECAPS é apresentada a 23 de outubro
A RECAPS vai ser apresentada no dia 23 de outubro, na Junqueira, em Lisboa, na presença do secretário de Estado da Economia, João Luís Ferreira.
A aliança para a recolha e reciclagem de cápsulas de café será formalizada através da assinatura da escritura da sociedade RECAPS, Lda., na presença dos CEO das empresas Delta Cafés, José Maria Vieira, Massimo Zanetti, Nestlé Portugal, NewCoffee e UCC.
Em 2023, o mercado do café em Portugal cresceu 8,2%, de acordo com os dados divulgados pela Informa D&B. Atingiu um volume de negócios de 660 milhões de euros no mesmo ano, fruto dos aumentos do preço do café e do consumo privado.
Exportações sobem 2,5% e importações 18,1%
Por seu lado, as importações aumentaram 18,1%, para os 254 milhões de euros. Os principais países de origem das importações são Espanha e França, com 33% e 29%, respetivamente.
A indústria do café e do chá em Portugal conta com 88 operadores. Estão localizados sobretudo na região Norte (39% das empresas). Lisboa e o Alentejo acolhem as restantes, com destaque para a Delta Cafés, fundada em 1961 por Rui Nabeiro (1931-2023) e situada em Campo Maior.
Rui Miguel Nabeiro, neto do fundador e CEO do Grupo Nabeiro, é o presidente da Presidente da Associação Industrial e Comercial do Café e, desde março deste ano, preside igualmente à associação International Coffee Partners, uma organização sem fins lucrativos que agrega os vários produtores mundiais de café.