Tem dificuldade em concentrar-se? Aqui tem as estratégias mais eficazes para recuperar o foco, segundo a ciência
Sente dificuldade em encontrar o foco e a concentração necessários para determinadas tarefas mais exigentes? Neste artigo apresentamos-lhe um conjunto de dicas, técnicas e hábitos eficazes para a melhoria do desempenho intelectual e a capacidade de concentração.
Já pensou em tudo aquilo que é exigido da sua mente todos os dias? A intensa e stressante vida que levamos, em que acumulamos tarefas que muitas vezes realizamos simultaneamente, faz com que não tenhamos o foco necessário quando chega o momento de dedicarmos atenção a uma tarefa intelectualmente mais exigente.
Seja no trabalho ou no estudo, muitas vezes temos dificuldade em encontrar o foco e concentração necessários para realizar determinadas tarefas, porque já ocupamos demasiado tempo e empenhamos demasiado esforço para outras.
Para se atingir uma boa capacidade de concentração são fundamentais vários condimentos, como cuidados pessoais, tanto físicos quanto mentais, preocupação com a organização do espaço de trabalho e estratégias de trabalho eficazes.
Cuidados pessoais, físicos e mentais
A preocupação com os cuidados pessoais, físicos e mentais contribui diretamente para um desempenho otimizado. Garantir uma boa noite de descanso, manter uma alimentação balanceada, dedicar tempo a atividades de lazer e desportivas que lhe permitam se desconectar-se, e aproximar-se do círculo de amizades são, por isso, fundamentais.
É importante que sejamos inteligentes na forma como utilizamos os tempos de lazer. É assim tão importante dedicarmos tanto tempo a jogos ou redes sociais ou é realmente o momento para desligar e recarregar energias? Não seria mais útil encontrar um amigo para fazer uma pausa ou ouvir música?
Organização do espaço de trabalho
O local de trabalho é o espaço físico onde procuramos ter a ideal capacidade de concentração, e é muito mais importante do que imaginamos. O espaço de trabalho ou estudo deve ser adequado para promover a atenção e melhorar a produtividade e, por isso, deve ser organizado.
Distrações como ruídos ou estímulos visuais desnecessários devem ser eliminados. É também importante bloquear notificações dos aparelhos móveis, e garantir uma boa iluminação, de preferência natural, que promova um ambiente confortável e funcional.
Estratégias de trabalho
Cada indivíduo tem as suas preferências e isso influencia a capacidade de concentração. Algumas pessoas acham útil trabalhar em completo silêncio, outras preferem fazê-lo com música de fundo. Uns são organizados com horários rígidos, enquanto outros optam por uma abordagem mais flexível, adaptando-se de acordo com as necessidades do momento.
Por isso, existem várias estratégias para conseguir uma melhor eficiência na organização do trabalho:
- Divida as tarefas em blocos: fragmentar o trabalho facilita a gestão física e mental e evita a saturação.
- Programe pausas regulares: inclua pausas ativas, aproveite para se levantar, caminhar ou alongar-se.
- Estabeleça metas realistas: defina objetivos alcançáveis e específicos.
- Priorize tarefas: organize o trabalho de acordo com o nível de importância ou urgência.
- Atribua horários específicos: defina quanto tempo deve dedicar a cada tarefa.
- Evite multitarefas: concentre-se numa única tarefa de cada vez.
- Bloqueie horários na agenda: reserve espaços específicos para cada atividade.
- Use ferramentas de gestão: conte com aplicações ou métodos como listas de tarefas ou calendários digitais para se organizar melhor.
A prática aguça o engenho
A psicologia experimental diz-nos que a prática repetida contribui para melhorar o desempenho. A eficácia da prática repetida tem origem nos estudos do filósofo e psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, que em 1885 desenvolveu a famosa curva do esquecimento.
Eddinghaus demonstrou que a capacidade de nos lembrarmos de informações diminui com o tempo, a menos que revistemos os conteúdos apreendidos ao longo do tempo. A chave desta técnica está na revisão das informações antes de as esquecer, o que otimiza a aprendizagem e a retenção dos conteúdos.
Portanto, uma estratégia eficaz para melhorar a capacidade de concentração e o desempenho é rever as informações em intervalos, gastando progressivamente menos tempo em cada revisão, até que a informação se consolide.
Divagação e atenção plena, um equilíbrio necessário
O conceito de divagação mental envolve uma desconexão do ambiente e um vazio de pensamento. Quando estamos em estado de divagação mental, o conjunto de estruturas cerebrais relacionadas à atividade de repouso são ativadas.
Já a atenção plena consiste em direcionar toda a nossa concentração para o momento presente, e quando a praticamos, um conjunto de estruturas cerebrais são ativadas com o objetivo de melhorar, principalmente, o processamento cognitivo, para representar ou responder a estímulos internos ou externos, e a seleção de comportamentos, para alcançar objetivos.
Até há pouco tempo pensava-se que estas estruturas eram totalmente ativadas apenas em estados de atenção plena com o objetivo de inibir a divagação e atingir os objetivos propostos. No entanto, estudos recentes revelaram que estas também estão relacionadas com estados de divagação mental.
Por exemplo, quando estamos mentalmente a explorar possibilidades futuras, em pensamentos introespetivos, alcançamos maior criatividade: ideias originais, conexão de conceitos, proposta de alternativas numa estratégia, algo útil para escrever num relatório ou um projeto novo.
Do ponto de vista da aprendizagem, estes períodos de desconexão ou divagação podem ser essenciais para consolidar o que foi aprendido, reorganizar conceitos e, em última análise, dar sentido às informações de forma mais profunda.
Portanto, um equilíbrio adequado entre momentos de concentração e divagação podem enriquecer a nossa compreensão, promover a criatividade e contribuir para uma aprendizagem mais eficaz.