Sismo de magnitude 3,9 sentido na Ilha de São Miguel – quais as repercussões e medidas de avaliação sísmica?
Um sismo de magnitude 3,9 na escala de Richter foi sentido nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira, 18 de novembro, na Ilha de São Miguel, Açores. Saiba mais aqui!
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) relatou que o abalo foi registado às 3h39 locais (4h39 em Lisboa) e teve o epicentro localizado a 20 kms a sul de Faial da Terra, no concelho da Povoação, na Ilha de São Miguel, Açores.
Este evento é o segundo a ser registado na mesma área numa semana, após um sismo de magnitude 2,7 ocorrido na passada quarta-feira. Apesar da magnitude deste último abalo ter sido inicialmente estimada pelo IPMA em 3,7, foi posteriormente corrigida para 3,9. Em comunicado oficial, o IPMA afirmou que o sismo não causou quaisquer danos pessoais ou materiais, tendo sido sentido com intensidade máxima III na escala de Mercalli Modificada, na freguesia dos Arrifes, concelho de Ponta Delgada.
Escala de Mercalli e escala de Richter: diferentes medidas de avaliação sísmica
A intensidade III na escala de Mercalli Modificada indica um tremor considerado fraco, normalmente sentido dentro de edifícios, onde objetos suspensos podem baloiçar ligeiramente. O IPMA explica que a sensação é semelhante à vibração provocada pela passagem de veículos pesados, sendo geralmente notada por pessoas em repouso ou no interior das suas habitações.
A escala de Mercalli Modificada difere da escala de Richter, pois avalia a intensidade com base nos efeitos e na perceção das pessoas, enquanto a escala de Richter mede a energia libertada pelo evento sísmico.
Crise sísmica em São Jorge e medições do Centro de Informação e Vigilância Sismo-vulcânica dos Açores (CIVISA)
Nos últimos meses, a região tem estado sob uma monitorização intensa devido a uma atividade sísmica persistente. Apesar do sismo registado em São Miguel esta manhã, a situação difere da crise sismo-vulcânica ativa noutra ilha do arquipélago, a Terceira. De acordo com o Centro de Informação e Vigilância Sismo-vulcânica dos Açores (CIVISA), esta crise na Terceira tem vindo a ser monitorizada desde junho de 2022, com múltiplos eventos de baixa magnitude, alguns dos quais sentidos pela população local.
O CIVISA tem desempenhado um papel crucial no acompanhamento da atividade sísmica nos Açores, realizando medições regulares de gases e monitorização de sinais vulcânicos em áreas críticas. No caso específico da Ilha de São Jorge, os especialistas Catarina e Victorio, ambos do CIVISA, têm conduzido um trabalho de campo contínuo na vila das Velas e nos Rosais.
Este trabalho inclui medições de gases vulcânicos, um indicador potencial da atividade magmática subterrânea, e está em curso desde 20 de março de 2022, logo após o sismo mais energético desta crise, registado com magnitude 3,3 na escala de Richter.
O risco sísmico nos Açores
Os Açores situam-se numa zona de elevado risco sísmico devido à sua localização na junção de três placas tectónicas: a placa Euroasiática, a placa Africana e a placa Norte-Americana. Esta convergência cria uma atividade sísmica e vulcânica intensa, com os abalos a ocorrerem com relativa frequência em várias das ilhas do arquipélago. O IPMA e o CIVISA mantêm uma vigilância constante e comunicam regularmente com a população sobre a evolução da atividade sísmica, emitindo alertas quando necessário.
Apesar da magnitude relativamente baixa dos recentes sismos em São Miguel e São Jorge, os especialistas alertam que é fundamental manter-se vigilante, dado o potencial para a ocorrência de abalos mais fortes, que poderiam causar danos consideráveis, especialmente em edifícios mais antigos ou vulneráveis.
A população local é frequentemente aconselhada a seguir as recomendações das autoridades, nomeadamente no que respeita a medidas de autoproteção em caso de sismo, como procurar refúgio debaixo de mesas resistentes ou afastar-se de objetos que possam cair.
De facto, a Ilha de São Miguel tem um histórico de atividade sísmica considerável. No Século XX, destacam-se os sismos de 1932 e 1952, ambos causadores de danos significativos e que resultaram na perda de vidas. Mais recentemente, o sismo de magnitude 5,8 em 1998, com epicentro próximo das ilhas do Grupo Central, provocou destruição no Faial e causou várias vítimas mortais. Estes eventos históricos lembram a população e as autoridades da importância de uma preparação eficaz e de uma resposta rápida às crises sísmicas.
Os esforços de monitorização por parte do CIVISA e do IPMA são fundamentais para facultar informações mais precisas e em tempo útil, ajudando a mitigar os impactes dos sismos. As equipas de especialistas continuam a recolher dados e a analisar padrões de atividade para prever potenciais eventos e aconselhar medidas de segurança.