Setembro com temperaturas extremas

O passado mês de setembro foi o setembro mais quente desde que há registos e do ponto de vista climatológico foi considerado um mês extremamente quente e seco.

Setembro foi um mês extremamente quente e seco.

Este ano o verão em Portugal foi assinalado por alguns registos extremos. O mês de junho foi o 2º junho mais chuvoso deste século e o de julho o mais frio. No entanto em agosto houve uma inversão, tendo sido registadas temperaturas históricas em vários locais. Pode dizer-se que o tempo de verão teve início só no mês de agosto mas tem-se prolongado até ao início de outubro.

Temperatura do ar

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IPMA, o valor médio da temperatura média do ar no mês de setembro foi de 23,0 °C, tornando-se assim o mês de setembro mais quente desde 1931.

No gráfico abaixo que representa as anomalias da temperatura média do ar no mês de setembro em relação ao valor normal de 30 anos, período de 1971-2000, pode verificar-se que a anomalia referente ao mês de setembro de 2018, +2,8 °C, é o maior desvio em relação à normal, seguindo-se o ano de 1985.

Anomalias da temperatura média do ar no mês de setembro em relação aos valores médios 1971-2000, em Portugal continental.

A temperatura máxima média registada foi o valor mais alto desde 1931, atingiu os 30,2ºC, mais 3,9 °C acima do que seria habitual nesta altura do ano e foram ultrapassados (ou igualados) os valores extremos da temperatura máxima para o mês de setembro. O dia mais quente do mês ocorreu logo no primeiro dia, com a temperatura máxima a chegar aos 41°C em alguns locais da região centro e Alentejo.

As noites durante o mês de setembro também registaram valores de temperaturas mais elevados que o normal e em algumas estações grande parte das noites foram consideradas como noites tropicais, ou seja, noites com temperaturas mínimas acima dos 20 °C. O valor médio da temperatura mínima foi de 15.8 °C, valor mais alto dos últimos 30 anos, com 1.6 °C acima do normal.

Foram registadas duas ondas de calor. A primeira, na regiões de Trás-os-Montes, Viseu e Santarém, no período de 10 a 17 de setembro com duração entre 6 e 10 dias e a segunda, a partir do dia 19, afetou grande parte do território, com exceção do Nordeste Transmontano e das regiões da faixa costeira ocidental a norte do Cabo da Roca e do Algarve e teve uma duração entre 6 e 11 dias.

Precipitação

Ainda segundo o IPMA, setembro foi um mês extremamente seco com valores de precipitação inferiores aos valores normais, tendo sido o segundo mês de setembro mais seco dos últimos 30 anos; o primeiro foi setembro de 2017. O total de precipitação neste mês, 8.1 mm, corresponde apenas a cerca de 20% do valor normal.

No entanto durante o mês ainda ocorreu precipitação, pontualmente muito intensa, em alguns locais do Norte e Centro do território, no início do mês e em alguns locais do interior nos períodos de 14 a 17 e de 26 e 28. Os valores máximos registados ocorreram no dia 16 nas Penha Douradas, 47.6 mm, e dia 17 em Mirandela, 33 mm.

Monitorização da Seca – Índice PDSI

De acordo com o índice meteorológico de seca PDSI (índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para monitorização da situação de seca), a 30 de setembro verificou-se um aumento da área em seca meteorológica em todo o território. No final do mês as classes de seca distribuíam-se em Portugal continental com as seguintes percentagens: 1.6 % do território estava na classe normal, 91.6 % na classe de seca fraca e 6.8 % na classe de seca moderada.