Será a Suécia a próxima potência espacial europeia?

No longínquo Norte da Suécia, há um projeto espacial em franco desenvolvimento que pode vir a suprir uma lacuna deixada pela Rússia, há quase dois anos. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Lançamento.
É numa área remota, como a que se vê na imagem, que vão ser lançados os foguetes suecos.

Neste momento, pode considerar-se que a Suécia lidera uma aguerrida batalha para ser a primeira base espacial europeia, fora do território e da influência russa, a lançar um satélite para o espaço. Esta batalha é travada com outros centros espaciais que vão desde a Noruega (Andøya), ao Reino Unido (Shetland), à Islândia, à Espanha (Andaluzia) e aos Açores.

Um dos principais desafios de ter uma plataforma de lançamento no espaço europeu prende-se com a segurança.

Entre as florestas de pinheiros e de bétulas, no Norte da Suécia, situa-se o Centro Espacial de Esrange, composto por um conjunto de edifícios isolados, plataformas de lançamento e mais de 30 grandes antenas viradas para o espaço. Localizado a cerca de 190 km a Norte do Círculo Polar Ártico e a 40 minutos da cidade mineira de Kiruna, este centro espacial surgiu na década de 60 do século XX, mais precisamente em 1966, com o objetivo de recolher informação tanto da atmosfera como do espaço.

Originalmente propriedade da Agência Espacial Europeia, este centro espacial é atualmente gerido pela Swedish Space Corporation (SSC), uma empresa estatal que foi fundada em 1927. Os poucos funcionários do centro estão em constante azáfama devido às constantes melhorias implementadas nas instalações (como a construção de novas plataformas de lançamento) e aos preparativos para os importantíssimos testes que se avizinham, na jornada científica que é colocar um satélite no espaço.

Os atuais avanços tecnológicos, nos quais se destaca o surgimento dos microfoguetes, é uma das armas utilizada por este centro, como forma de emancipação em relação a outras geografias da Europa.

Desafios do presente e do futuro

Com o início da guerra na Ucrânia e nos últimos 18 meses, foi possível constatar que a Europa estava extremamente dependente da Rússia e das suas bases no Cazaquistão para efetuar lançamentos de objetos para o espaço. Desde então que há uma certa urgência para resolver esta lacuna, o mais rápido possível.

Curiosamente, esta lacuna surgiu quando o número de lançamentos de satélites, a nível mundial, atingiu o seu pico. Por exemplo, em 2022 haviam cerca de 6900 satélites ativos a orbitar o nosso planeta, um aumento de 2100, se comparado com o ano de 2021. Tendo em conta as necessidades do planeta em termos de telecomunicações, serviço de Internet, observação da terra e estruturas relacionadas com a segurança de cada país (militares), estima-se que sejam lançados 50 satélites por semana, dos mais variados tamanhos, ao longo deste ano.

Um dos principais desafios de ter uma plataforma de lançamento no espaço europeu prende-se com a segurança. Num espaço aéreo extremamente movimentado e próximo de áreas densamente povoadas, as probabilidades da ocorrência de um acidente são significativas. Deste ponto de vista, o Centro Espacial de Esrange dispõe de condições ideais, pois está numa área de deserto gelado, longe de áreas densamente povoadas e relativamente perto do Mar do Norte.

Para além da grande ambição de serem pioneiros neste campo, a gestão deste Centro Espacial procura em primeiro lugar ter sucesso no seu trabalho, apontando para a primavera de 2024 como a altura do primeiro grande lançamento. Até lá, terão que aguardar por um foguete suficientemente fiável que, em princípio, também irá ser produzido na Suécia. Se tudo correr bem, daqui a 10 anos a base estará totalmente operacional, tendo capacidade para colocar um satélite no espaço a cada duas semanas.