Seca persiste em parte de Portugal: perspetivas para o mês de julho nas barragens
A preocupação de seca persistente e redução das reservas hídricas no sul do país mantêm-se. Embora alguns armazenamentos estejam acima da média, algumas albufeiras mantêm volumes baixos há já largos meses, agravando-se a situação no Alentejo e Algarve.
Portugal inicia o verão com reservas de água relativamente confortáveis. Porém, a seca persiste no sul do país. Nas últimas semanas, o armazenamento de água nas barragens tem sido muito volátil, associado a chuvas escassas e intermitentes.
Enquanto as albufeiras no norte estão em uma situação confortável, a região sul, especialmente nas bacias do Mira e do Sado, enfrentam condições muito críticas. É importante que todos, especialmente os agricultores, estejam preparados para reduzir o consumo de água durante este verão e num futuro próximo.
Qual é a situação das barragens no final deste mês?
A situação de calor extremo dos últimos dias e de ausência de precipitação não contribuem para um cenário mais positivo. De acordo com os dados mais recentes, referentes a 26 de junho de 2023 e em comparação com o boletim anterior de 19 de junho de 2023, verificou-se um aumento no volume armazenado numa bacia hidrográfica, mas uma diminuição em 14 delas.
Analisando as albufeiras monitorizadas, constata-se que 53% delas apresentam disponibilidade hídrica superior a 80% do volume total, enquanto 12% possuem disponibilidades inferiores a 40% do volume total.
No final do mês de junho de 2023, os armazenamentos nas diversas bacias hidrográficas revelaram-se superiores às médias de armazenamento do mês de junho, considerando o período de 1990/91 a 2021/22, com exceção para as bacias do Vouga (93,1%), do Sado (54,1%), das Ribeiras da Costa Alentejo (52,2%), de Mira (34,3%), Arade (35,5%), Ribeiras do Barlavento (11,9%) e Ribeiras do Sotavento (43,4%). Note-se que a situação em três destas barragens é muito grave com um volume de água armazenado inferior a 40% (Mira, Arade e Barlavento).
Condições climático-meteorológicas ditarão o sucesso das barragens nacionais nas próximas semanas
Para os meses de julho e agosto, as tendências ainda se mantêm em aberto embora se preveja uma área de anomalias de altas pressões, que poderão manter-se nas próximas semanas.
Tal como já tinha sido dado conta em notícias anteriores da equipa da Meteored – tempo.pt, a previsão sazonal do Centro Europeu (ECMWF) sugere que possa ocorrer a possibilidade de temperatura muito elevada, no restante período do verão climatológico, registando-se valores de temperatura acima da média de referência da normal climatológica.
Além disso, e tal como ficou clarividente nas últimas semanas, os nossos verões têm tendência a ser mais quentes, e pontualmente tórridos. Após a onda de calor do final de junho, não será de descartar a existência de mais uma ou duas ondas de calor ou episódios ocasionais de calor extremo nos próximos dois meses.
Para o efeito, não se deve descurar que muitos dos nossos solos se encontram desnutridos pela ausência da água, podendo diminuir a produção agrícola significativamente nos próximos meses, principalmente nas regiões já afetadas por secas prolongadas. Esta situação parcial de crise no Sul do país não será resolvida por agora, podendo a preocupação adensar-se nas próximas semanas.
Infelizmente, o fim da seca meteorológica, que continua a afetar Portugal, não está próximo. É provável que a preocupação aumente nas próximas semanas. Da mesma forma, a resolução efetiva da seca só poderá ocorrer, quando mudarem os padrões atmosféricos e a precipitação se distribuir de forma mais generalizada por todo o território nacional durante os meses de outono e de inverno.