Seca extrema atinge o Canal do Panamá, pelo que centenas de navios aguardam passagem
Uma seca sem precedentes está a afetar o Canal do Panamá, com centenas de navios à espera de atravessar. Estes atrasos estão a causar perdas de milhões de dólares.
O Canal do Panamá, uma das principais rotas comerciais marítimas do mundo, é um feito de engenharia que liga o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico através de um sistema de eclusas. Foi inaugurado em 1914 e ampliado em 2016. Quase 6% do comércio marítimo mundial passa por ele.
O canal tem a desvantagem de funcionar com água doce, ao contrário de outras vias, como o Canal do Suez, que utilizam água do mar. Isto significa que o canal depende da precipitação para manter o seu funcionamento e evitar a salinização dos lagos.
O canal enfrenta atualmente uma grave crise devido à diminuição do nível dos lagos que alimentam a via interoceânica, em consequência da falta de chuvas na região. Desde 16 de agosto, 131 navios fazem fila para transitar pelo canal, obrigando as empresas a procurar rotas alternativas.
O Canal do Panamá prevê uma quebra de receitas de cerca de 200 milhões de dólares até 2024, devido à redução dos trânsitos diários que foi obrigado a implementar.
Em condições normais, transitam diariamente 36 a 38 navios, sendo atualmente 30 a 32. O calado máximo dos navios foi também limitado a 13,41 m.
Que quantidade de água é necessária no canal?
A gigantesca infraestrutura necessita de uma certa quantidade de água para funcionar, nem mais nem menos do que cerca de 193 milhões de litros para cada uma das cerca de 12 mil passagens por ano.
Cadeia de abastecimento
Os efeitos na economia não deverão ser tão graves como os causados pelo bloqueio do Canal do Suez em 2021. Estes efeitos centrar-se-ão nos Estados Unidos, o principal utilizador do canal, embora não deixem de ser um novo golpe para uma cadeia de abastecimento ainda em processo de recuperação dos efeitos da pandemia e de acontecimentos como o próprio acidente do Suez.
Soluções procuradas pelo governo
O governo panamiano está a procurar soluções para adaptar o canal à nova realidade e para continuar a ser uma via relevante para o comércio internacional. Entre as medidas que estão a ser estudadas estão a construção de reservatórios, a dessalinização da água e a utilização de tecnologias mais eficientes.