Seca assola a Hungria e provoca graves danos agrícolas: não se vivia um período tão quente neste país desde 1901
A Hungria, um país sem saída para o mar que se situa na Europa Central, está a atravessar uma seca grave, acentuada por um calor extremo quase sem precedentes. Os danos sofridos nos campos de milho estão estimados em 600 milhões de euros.
A Hungria é um país localizado na Europa Central e sem ligaç��o ao mar. Este ano de 2024 tem sido notícia nesta zona do globo terrestre devido a vários problemas de natureza climato-meteorológica. Segundo se lê no portal de notícias Euronews, os “primeiros seis meses [do ano corrente] corresponderam à primeira metade mais quente de um ano na Hungria desde 1901”.
Em pleno agosto - oitavo mês do ano - a Hungria continua a sofrer com o calor extremo, com o HungaroMet (Serviço Meteorológico Húngaro) a ver-se obrigado a emitir o aviso meteorológico mais severo do país para situações como a atual, em que ocorre uma persistência de valores extremamente elevados da temperatura máxima do ar.
De acordo com o portal Climate Change Knowledge Portal, o clima húngaro é temperado, mas com características continentais. Os invernos são frios e húmidos, com precipitação frequente e neve e os verões são quentes, com alguma precipitação ocasional.
O país está dividido em três zonas climáticas: continental, oceânica e mediterrânica e estas três zonas influenciam as condições meteorológico-climáticas do país.
Traços gerais do clima húngaro e recordes atingidos em 2024
A Hungria possui um clima temperado continental (algo que se evidencia pela ausência de conexão ao mar), expressado pela ocorrência de verões quentes com níveis de humidade gerais reduzidos, embora com aguaceiros frequentes. Este facto pode ser atestado pelos registos climatológicos.
Por exemplo, analisando somente a temperatura do ar, pode-se constatar que o primeiro semestre foi o mais quente no país desde 1901 - temperatura média de 11,87 ºC - à frente de 2007 (11,31 ºC).
Além disto, quando observado somente o mês de junho, evidencia-se uma anomalia térmica positiva de quase 2 ºC em relação à média, ou seja, em junho de 2024 na Hungria foi registada uma temperatura média 1,8 ºC superior à normal climatológica de referência.
A temperatura média do ar na Hungria em junho deste ano foi de 21,55 ºC. Esta situação atípica de calor é um dos fatores climáticos que tem contribuído para o agravamento da seca.
A situação terá tendência a agravar-se nas próximas semanas
Segundo o Ministério da Agricultura húngaro, a cada semana as zonas afetadas pela seca têm vindo a aumentar em várias dezenas de milhares de hectares e espera-se que este panorama se mantenha assim nas semanas vindouras.
“2022 foi o nosso ano mais seco e quente de sempre, mas este ano é bastante semelhante. Este verão tem sido bastante seco, o que se reflete na secagem do milho e dos girassóis.", afirmou a meteorologista Anna Mráz. Como já foi referido, os primeiros seis meses de 2024 corresponderam à primeira metade mais quente de um ano na Hungria desde 1901, tendo sido registada uma temperatura média de 11,87 ºC.
A ausência de precipitação também tem agravado o problema, mas nem mesmo a sua eventual ocorrência mitigaria o problema nas próximas semanas. Caso se registasse chuva abundante nas próximas semanas, isto não seria útil para a vegetação em geral e para as plantas e culturas agrícolas em particular, dado que ao longo do período de floração e de desenvolvimento das sementes a humidade adquirida não foi suficiente.
Por último, a vertente financeira. Segundo se lê no Euronews, um economista avaliou os danos nos campos de milho em pelo menos 600 milhões de euros, estando previsto que o rendimento deste ano caia da média de 8 a 9 toneladas para uma quantidade inferior a 5.
Referência da notícia:
Rita Konya e Euronews. Seca na Hungria: danos graves nas plantações de milho, girassóis e beterraba. 2024.