São as centrais de dessalinização uma alternativa sustentável à seca?
As centrais de dessalinização, que convertem água salgada em potável, são uma solução fundamental para combater a escassez de água nas regiões áridas, mas a sua sustentabilidade coloca desafios ambientais e económicos.
As centrais de dessalinização são instalações concebidas para remover o sal e outras impurezas da água do mar ou de fontes de água salobra, a fim de a converter em água potável ou utilizável para fins industriais ou agrícolas.
As águas salobras são zonas de transição entre as águas doces e salgadas do mar. Devido às suas características únicas, são ecossistemas muito importantes e altamente produtivos e também benéficos para o corpo humano.
São capazes de produzir grandes volumes de água potável a partir da água do mar, o que ajuda a diversificar as fontes de água em áreas com escassez de água.
Como funciona uma central de dessalinização? É sustentável?
É aqui que reside o grande problema deste tipo de instalações de purificação de água para uso potável, agrícola ou industrial.
Em primeiro lugar, as centrais de dessalinização requerem uma grande quantidade de energia (3 kWh/m3) para efetuar o processo correspondente. A tecnologia atual utiliza principalmente a osmose inversa, que é um processo intensivo em energia.
Este processo implica um elevado consumo de combustíveis fósseis, o que gera emissões de gases com efeito de estufa e contribui para as alterações climáticas. Além disso, o processo de dessalinização produz salmoura como subproduto, que é normalmente descarregada no oceano.
Isto pode ter um impacto negativo nos ecossistemas marinhos locais, uma vez que a salmoura tem uma elevada concentração de sal e pode afetar o equilíbrio salino e a vida aquática.
Além disso, a construção e o funcionamento das instalações de dessalinização podem ser dispendiosos. Por sua vez, os custos associados às infraestruturas, à manutenção e à gestão das instalações de dessalinização podem ser proibitivos para muitas regiões, especialmente para as que têm recursos financeiros limitados.
Onde ficam as principais centrais de dessalinização em Espanha?
As mais importantes situam-se na Comunidade Valenciana, na Região de Múrcia e na Andaluzia. Na primeira, destaca-se a central de Torrevieja, em Alicante, que produz 80 hm3/ano e fornece água a 140.000 habitantes e 8.000 hectares de culturas. Em Múrcia, destacam-se as barragens de Valdelentisco e Águilas/Guadalentín, com uma capacidade de produção de 70 hm3/ano. E, finalmente, na Andaluzia, destaca-se El Atabal, em Málaga, com uma produção de 76 hm3/ano.
Então, é uma alternativa real?
Em resumo, embora as centrais de dessalinização possam fornecer água potável em áreas afetadas pela seca, não são consideradas uma solução sustentável a longo prazo devido ao seu elevado consumo de energia, impacto ambiental e custos económicos.
Apesar destas dificuldades, tornaram-se cada vez mais comuns em muitas partes do mundo, mas em muitos casos não a 100%, países como Israel, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Austrália e Estados Unidos, entre outros, como parte de estratégias globais de abastecimento de água.
A gestão global e sustentável da água, juntamente com a aplicação de medidas de conservação, são fundamentais para enfrentar os desafios da seca de uma forma mais sustentável.