Saiba o que é a Febre da Carraça e como se proteger
A Febre da Carraça é uma doença causada por bactérias do género Rickettsia spp., que pode ser transmitida por carraças, como o carrapato-estrela.
Recentemente, foi declarado o óbito de quatro pessoas por febre maculosa (designação no Brasil) ou febre da carraça (designação em Portugal), na região de Campinas (Brasil), e pelo menos 17 casos estão a ser investigados relacionados com este surto da doença. Segundo a notícia do site G1, a exposição pode ter sido "durante uma festa na Fazenda Santa Margarida".
A 25 de junho, a Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais confirmou mais dois óbitos por esta doença, totalizando quatro óbitos e 11 casos registados desde 2023, no estado.
A Febre da Carraça
A Febre da Carraça é uma doença causada por bactérias do género Rickettsia spp., que pode ser transmitida pela picada de carraças (como, por exemplo, o carrapato-estrela) infetados por estas bactérias.
Carraças infetadas podem ser encontrados em zonas endémicas ou que existam registos de casos da doença, como é o exemplo de regiões do Sudeste, norte do Paraná, Pernambuco, entre outras, segundo o Portal Drauzio Varella.
Entre as carraças, destaca-se o carrapato-estrela que pode parasitar animais de grande porte (como vacas, bois, entre outros), mas também cães, aves domésticas, roedores e capivaras, por exemplo.
Transmissão e sintomas da doença
Para que ocorra a transmissão da bactéria, a carraça precisa de ficar em contacto com a pele do organismo durante pelo menos quatro horas, e aquelas carraças mais jovens, por serem menores, ficam mais difíceis de serem vistas, trazendo riscos para uma maior permanência de contacto nessa transmissão.
Casos de febre da carraça são mais comuns entre os meses de junho e novembro, período em que predominam as formas jovens do carraça (micuins). O clima seco também favorece o ciclo reprodutivo das carraças.
Após o contacto, o início dos sintomas pode ser observado entre 7 a 10 dias, sendo os principais:
- Febre alta;
- Dor no corpo;
- Dor de cabeça;
- Náusea e vómitos;
- Falta de apetite ou de vontade;
- Falta de disposição;
- Pequenas manchas avermelhadas
Cabe reforçar que, alguns municípios estão a enfrentar um aumento de casos de Dengue, uma doença viral provocada por um arbovírus que pode também trazer sintomas parecidos, como náuseas, vómitos, febre e manchas avermelhadas.
Agravamentos e riscos
A doença pode ser controlada com o uso de antibióticos, juntamente com medicação para o controlo dos sintomas. No entanto, o início do tratamento é um fator importante para evitar casos mais sérios.
Observando a série histórica, a letalidade da doença é de 32,8%. Mas em 2022, em São Paulo, a taxa de letalidade foi quase 75%, e este aumento pode estar relacionado com diagnósticos e tratamentos tardios. Segundo a reportagem do Ministério da Saúde brasileiro, os sintomas podem evoluir para gangrena nos dedos e orelhas, paralisia dos membros, com início nas pernas, chegando até os pulmões, causando paragem respiratória.
Como posso proteger-me?
Se reside em regiões endémicas ou que tenha registo de casos, alguns cuidados importantes podem ser tomados para reduzir o risco de exposição ao vetor relacionado à doença bacteriana:
- Examine o seu corpo cuidadosamente de duas em duas horas, verificando se há alguma carraça fixado no corpo;
- Se encontrar algum carraça, tire-a imediatamente. A remoção deve ser feita com pinça, não pressionando-a;
- Se entrar em regiões de mata ou com risco da presença do vetor, use roupas compridas e claras, que cubram bem os braços e as pernas;
- Coloque a barra das calças dentro das meias e calce botas de cano mais alto nas áreas que possam estar infestadas por carraças;
- Em áreas rurais, "evite deixar os cães dentro de casa e faça com frequência a higiene, principalmente dos cavalos, com carrapaticidas", segundo a informação do MS;
- Em caso de reconhecimento da picada, ou do surgimento de qualquer sintoma que possa estar relacionado com a doença, procure atendimento médico para avaliação.