Sabe interpretar os prazos de validade dos alimentos? A maioria dos europeus não é capaz de os distinguir
As regras são confusas, mas acabar com os equívocos não é complicado. Basta consultar a tabela especialmente preparada para si. Fique a par também dos melhores conselhos para conservar os alimentos no frigorífico e na despensa.
Interpretar corretamente os prazos de validade dos produtos alimentares deveria ser fácil e intuitivo. Mas está longe disso. Se não sabe distinguir, por exemplo, entre “consumir até…” e “consumir de preferência antes de…”, saiba que não está sozinho. De acordo com o estudo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, seis em cada dez pessoas em todo o mundo também desconhecem as diferenças.
Na União Europeia, em particular, mais de metade da população não consegue decifrar o significado das datas de validade. A confusão está definitivamente instalada e as consequências são dramáticas para o desperdício alimentar.
Os inquéritos conduzidos pela Comissão Europeia mostram que os resíduos alimentares representam 88 milhões de toneladas, estando 10% desse total relacionado com a validade dos produtos.
E não se está apenas diante de um problema de segurança alimentar. O impacto ambiental é tão ou mais preocupante. O desperdício no setor agroalimentar gera três vezes mais emissões de gases com efeito de estufa do que a extração de petróleo e polui quatro vezes mais do que a aviação comercial.
Mudar as normas e acabar com os equívocos
São motivos suficientes para a comunidade científica, ativistas ambientais ou representantes da indústria agroalimentar defenderem um novo modelo de datação mais claro, conciso e padronizado. A própria União Europeia já reconheceu a necessidade de rever as regras para evitar os equívocos.
Grande parte dos erros com os prazos de validade deve-se ao facto de os consumidores não distinguirem as indicações de segurança das recomendações sobre a qualidade dos produtos. Na maioria dos casos, as datas nas embalagens têm em conta o período a partir do qual os produtos começam a perder as características originais.
Uma questão é, portanto, o prazo que, após vencido, torna os alimentos num perigo para a saúde. Esse aspeto, todavia, é totalmente distinto dos prazos que indicam o momento em que o alimento começa a apresentar alterações no valor nutricional ou nas suas caraterísticas sensoriais, como sabor, aroma, textura ou aparência.
Como saber a diferença?
Para interpretar as datas, é importante conhecer quais são as três formas para apresentar os prazos de validade.
A data-limite de consumo surge nas embalagens com a designação “consumir até”. A data de durabilidade mínima é, por seu turno, indicada de duas formas: “Consumir de preferência antes de” e “Consumir de preferência antes do fim de”.
Consulte a tabela em baixo para conhecer os detalhes de cada designação.
Designação | Interpretação | Categoria | Exemplos | Advertência |
---|---|---|---|---|
Consumir até | Consumir no máximo até à data indicada | Alimentos perecíveis | Produtos lácteos, carnes, ovos ou peixes frescos | Após o prazo indicado, o alimento é tido como não seguro para o consumidor |
Consumir de preferência antes de | Prazo indicativo da durabilidade mínima identificada por dia, mês e ano. Deve ser interpretado como a data até à qual o alimento conserva as suas propriedades. | Alimentos não perecíveis | Azeite, bolachas ou cereais | Respeitadas as condições de conservação indicadas no rótulo, não é necessário deitar fora os alimentos |
Consumir de preferência antes do fim de | A identificação inclui apenas o mês e o ano, que devem também ser interpretados como a data até à qual o alimento conserva as suas propriedades | Alimentos não perecíveis | Conservas e congelados | Respeitadas as condições de conservação indicadas no rótulo, não é necessário deitar fora os alimentos |
Sem indicação obrigatória de prazo de validade | Aplicado nos produtos disponibilizados ao consumidor diretamente no ponto de venda/loja | Alimentos perecíveis | Alimentos cortados/manipulados em loja e vendidos ao balcão, como charcutaria fatiada, carne e peixe frescos, padaria, pastelaria ou produtos vendidos a granel | Devem ser consumidos no próprio dia ou o mais rapidamente possível |
Sem indicação obrigatória de prazo de validade | Aplicado a produtos com períodos de conservação muito longos | Alimentos não perecíveis | Sal, açúcar, vinho, mel, vinagre branco, licores, leguminosas secas, extrato de baunilha, entre outros | Respeitadas as condições de conservação indicadas no rótulo, poderá guardar os produtos durante vários anos |
A partir do momento em que as regras ficam claras, tudo se torna mais fácil. Não será complicado perceber que a designação “consumir até” é a que implica maiores cuidados - são alimentos que se deterioram rapidamente e os prazos têm de ser criteriosamente respeitados.
As restantes indicações, como se vê na tabela, dizem respeito ao mês e/ou ano em que o alimento começa a perder as propriedades.
O produto pode ser, como tal, consumido após expirar a data de validade. Em todos os casos, o importante é respeitar as condições de conservação.
Vale a pena, a este propósito, seguir as recomendações da DECO PROteste, publicação da Associação Portuguesa Para a Defesa do Consumidor. Saber organizar o frigorífico é essencial para conservar os alimentos em ambiente adequado. Planear o consumo dos produtos de acordo com os prazos de validade é, do mesmo modo, mais uma rotina obrigatória.
Veja mais recomendações na infografia:
Regras para descongelar
A congelação também obedece a algumas regras básicas. Para prolongar a vida útil dos alimentos além da data de validade, congele antes do fim do prazo. Na hora de descongelar, transferida o produto para o frigorífico. Após a descongelação, é aconselhável consumir os alimentos em 24 horas.
Guardar os alimentos na despensa
A conservação dos alimentos na despensa exige outras cautelas, como prateleiras limpas e recipientes e frascos transparentes e herméticos para visualizar os alimentos. Os produtos mais usados terão de estar sempre à vista, mas a arrumação deve ainda ter em conta os prazos de validade, com os rótulos das embalagens bem visíveis.
Organização e rotinas são os melhores trunfos para garantir a segurança alimentar dentro de casa. Lembre-se de que, ao assegurar as regras de conservação, está também a poupar tempo e dinheiro na cozinha.